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14 de junho de 2012

Genitivo - Parte II

Para você que ainda não leu o primeiro tópico sobre o caso genitivo, clique aqui.

"O genitivo é para o CDF o seu sexo"
(livro de humor parodiando o livro do Bastian Sick)
O Genitivo, como disse antes, é um caso em extinção na fala cotidiana, mas é ainda é bastante usado numa linguagem mais rebuscada, na linguagem escrita ou formal. Ou seja, em extinção não significa extinto.

Hoje gostaria de demonstrar como usar o genitivo no sentido de POSSE (incluindo aqui também as relações de parentesco ou afetivas - o amigo da Teresa, o pai do João)

Como indicador de POSSE, o genitivo indica o DONO / POSSUIDOR de algo. Ou seja, o objeto possuído permanece em algum outro caso (de acordo com a oração) enquanto o possuidor/dono fica obrigatoriamente no genitivo.
O genitivo é colocado, em geral, DEPOIS do objeto possuído. 

Como vocês leram no tópico I, APENAS substantivos masculinos e neutros recebem um -S no genitivo. Substantivos femininos e substantivos no plural não recebem nenhuma marca de genitivo. Obviamente os artigos (des - masculino e neutro / der - feminino e plural) ajudam na identificação do caso.

Vejamos alguns exemplos:

1) Encontrei os livros do professor na sala de aula.
Ich habe die Bücher des Lehrers im Klassenzimmer gefunden.
 ("die Bücher" - é o objeto possuído, está no acusativo porque é objeto direto do verbo FINDEN)
("des Lehrers" - é o dono dos livros, fica no genitivo e é colocado depois da coisa possuída, o substantivo recebe um -S, pois é masculino singular)

2) Falei com os pais dos estudantes de Medicina.
Ich habe mit den Eltern der Medizinstudenten gesprochen. 
("den Eltern" - é o objeto de posse - no caso, um relação de parentesco - fica no dativo por causa da preposição MIT que a antecede)
("der Medizinstudenten" - é o possuidor, como está no plural, o substantivo não recebe -S, como sempre, fica depois do objeto de posse e é marcado com o artigo DER do genitivo plural)

3) A impressora do meu filho está quebrada.
Der Drucker meines Kindes ist kaputt.
("der Drucker" - é o objeto de posse - está no nominativo por ser o sujeito da oração)
("meines Kindes" - é o possuidor, tanto o possessivo quanto o substantivo recebem uma terminação -ES que marca o genitivo, por ser um substantivo neutro singular - poderia também ser apenas KINDS, mas é comum acrescentar -ES quando o substantivo tem uma sílaba).
 
NOMES PRÓPRIOS (SEM ARTIGO)
Só existe um caso em que substantivos femininos recebem um -S como marca de genitivo: quando se trata de nomes próprios (de mulheres). Quando o genitivo é adicionado a um nome próprio usado sem artigo, seja nome de pessoa ou de lugar, este geralmente é ANTEPOSTO à coisa possuída. O artigo da coisa possuída desaparece, mesmo sem artigo, o substantivo pode ainda receber as marcas de caso (por exemplo o -N do dativo plural), se for necessário.

P.S. Não se usa apóstrofo para separar o -S do Genitivo do nome em questão. Muitos colocam por influência do inglês, mas este uso é considerado ERRADO no alemão. Caso o nome próprio termine em -s, -z, -x, -ß, usa-se o apóstrofo após o nome para marcar o genitivo. Mas, diferentemente do inglês, o som extra de [s] não é ouvido na fala.

Correto seria com apóstrofo: Steve Jobs' Brille - Os óculos de Steve Jobs
Annas Mutter - a mãe da Anna
Carlos' Vater - o pai do Carlos

Nomes próprios
1) A impressora do Paulo está quebrada.
Paulos Drucker ist kaputt.
("Paulo" é um nome próprio sem artigo, por isso ele é colocado antes da coisa possuída. O artigo da coisa possuída "der Drucker" desaparece. Apesar de "der Drucker" ter perdido o artigo, o caso do substantivo ainda é o nominativo, por ser o sujeito da oração)


2) Falei com os irmãos da Claudia.
Ich habe mit Claudias Geschwistern gesprochen.
("Claudia", apesar de ser um nome feminino é um nome próprio usado sem artigo, por isso, é anteposto à coisa possuída e recebe a marca -S do genitivo. O substantivo plural Geschwister perde o artigo "mit DEN Geschwistern", mas mantém o -N que marca o dativo plural)

3) Ouvi falar dos problemas econômicos da Grécia.
Ich habe von Griechenlands wirtschaftlichen Problemen gehört.
(Apesar de não se tratar de um genitivo de posse, as regras são as mesmas do explicado acima)

P.S. Em suma, o mais comum na fala cotidiana é substituir esse genitivo por VON + Dativo. Nesse caso, o VON + Dativo vem sempre após o substantivo e o artigo da coisa possuída permanece.

Der Drucker von Paulo ist kaputt.
Ich habe mit den Geschwistern von Claudia gesprochen.

Em algumas regiões da Alemanha é comum usar nomes de pessoas COM artigo, como é comum no Brasil. Em vez de dizer "Paulo" e "Claudia", se diz "o Paulo" (der Paulo) ou "a Claudia" (die Claudia). Como esse uso hoje em dia é considerado linguagem coloquial, não é comum usá-lo com genitivo, já que o genitivo é a marca de uma fala mais rebuscada. O normal no dia-a-dia nestas regiões seria usar VON + dativo (observado o uso dos respectivos artigos no dativo).

Der Drucker vom Paulo ist kaputt.
Ich habe mit den Geschwistern von der Claudia gesprochen.

Se mesmo assim você decidir usar o genitivo, o mais comum é que só os artigos sejam declinados, os nomes próprios permanecem inalterados.

"Genesis" ist das erste Buch des Mose.
"Gênesis" é o primeiro livro de Moisés.

Acrescentar a marca do genitivo nos nomes próprios masculinos e neutros não pode ser considerada errada, apesar de menos comum. Mas não se acrescenta -S em substantivos femininos com artigo.

Goethe hat "Die Leiden des jungen Werthers" geschrieben.
Goethe escreveu "Os sofrimentos do jovem Werther".

Jesus ist der Sohn der Heiligen Maria.
Jesus é o filho de Nossa Senhora (ao pé da letra: Santa Maria).

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7 de junho de 2012

Quadro Europeu Comum for Dummies

Depois que surgiu o Quadro Europeu Comum de Referência e as pessoas começaram a ver os níveis (A1, A2 etc.) nos livros e certificados, isso virou um mercado. Muita gente nao entende muito bem esses níveis A1, A2 etc. e acha que pode conseguir um certicificado de um nível pra outro da noite pro dia. Conheço gente que faz cursos de vários níveis ao mesmo tempo (e as escolas só ganhando dinheiro!). Fui informado que o programa "Ciências sem Fronteiras" está pedido que os participantes atinjam A2 no Teste OnDaF*. Mesmo sendo um dos níveis mais básicos, tem gente que quer conseguir o nível da noite pro dia, num passe de mágica. Vejo diariamente no meu trabalho estudantes correndo feito loucos pra conseguir um certificado que diga que eles têm um nível X (que eles geralmente não têm) para não perder chances de bolsas, estágios etc.  Galera, vamos com calma. Nada de aprender idiomas só pra ter certificado. Anos e anos de cursos de inglês já provaram que não adianta nada ter cerficado do curso sem falar o idioma, nao é mesmo?

Vou fazer um resumão superbásico feito de cabeça do que esses níveis significam.

O A1 e A2 sao os níveis básicos. Geralmente as pessoas desses níveis sao capazes de falar sobre si mesmas e sobre outras pessoas. Os temas giram em torno de assuntos pessoais e familiares.Pessoas que estão nesse nível geralmente só entendem alguém falando se o outro falar devagar e de forma clara.
Para se casar com um(a) cidadã(o) alemã(o) e ganhar o direito de morar na Alemanha, é necessário que o cônjuge brasileiro consiga provar o nível A1. Para o programa "Ciências sem Fronteiras" o estudante precisa provar no mínimo A2*.

O B1 é o pré-intermediário. O aluno que alcança um certicicado de B1 é capaz de se expressar como TURISTA nas mais diversas situações. Ele conseguirá fazer uma visita ao país e se virar. O B1 é o nível mínimo pra se obter autorização pra trabalhar na Alemanha. Com ele a pessoa deve ser capaz de se virar sozinha nas situações do dia-a-dia.

O B2 é o nível intermediário propriamente dito. Somente a partir desse nível é que se começa a falar em linguagem técnica e acadêmica. Os cursos até o B1 são voltados para o dia-a-dia.. A partir do B2 os cursos se voltam para o linguajar técnico e acadêmico. O aluno começa aqui a aprender estruturas mais complexas de se expressar e não só a linguagem falada na rua e na vida cotidiana. O B2 é o nível mais baixo que alguém deveria ter caso quisesse fazer faculdade na Alemanha, pois é só nesse ponto em que o aluno aprender a linguagem técnica.

Alguns cursos aceitam que os alunos entrem com o TestDaF no nível B2+. Esse nome B2+ indica que a pessoa ainda está no nível B2, mas está quase no nível C1. 

Os níveis C1 e C2 sao os níveis mais altos. O aluno aqui deve ser capaz de se expressar com clareza, tanto no dia-a-dia quanto no meio profissional e acadêmico, cada um na sua área respectiva. O DSH e o TestDaF geralmente tentam selecionar alunos com C1 e C2 para fazer faculdade na Alemanha. A diferenca entre um nível e outro é a capacidade que a pessoa tem de se expressar especificamente em tudo o que quer dizer.

O teste DSH tem nível entre C1 e C2. O TestDaF fica entre B2 e C1. O Instituto Goethe também oferece certificados oficiais do nível C2 para quem se interessar. Essa prova substituiu as provas KDS e GDS. Obter um cerficado do nível C2 pode ser bom para brasileiros que queiram depois trabalhar como professores de alemão. É uma prova do alto domínio da língua alemã.

Nenhum dos níveis, nem mesmo o C2, exige que a pessoa fale sem errar. Erros podem ser cometidos até no nível C2. O que faz uma pessoa ter um nível é o que ela CONSEGUE/SABE e nao o que ela nao sabe.
Lembrando também que como os níveis B2 a C2 sao muito voltados para a linguagem mais técnica, acadêmica e profissional, nem todo falante nativo vai conseguir ter esse nível. Você, como estrangeiro, talvez consiga se expressar num nível C2 até melhor do que um nativo alemão que tem uma profissão e vida simples.

Ou seja, nada de pensar que C2 é falar como um nativo. É falar como um nativo com altas competências acadêmicas e profissionais. C2 é conseguir se expressar claramente e especificamente, até mesmo num ambiente profissional e acadêmico. Isso são competências que vão um pouco além de só falar o idioma. Pegar um texto com linguagem científica, lê-lo e ainda depois conseguir passar claramente as ideias do texto com suas próprias palavras não é todo mundo que consegue fazer, nem mesmo na língua materna. 

Os detalhes de cada nível vocês podem ler na internet se quiserem, mas nao é muito importante para os alunos, é mais importante para os professores de língua estrangeira. Só queria mesmo dar uma ideia do que cada letra e número significam para que ninguém fique achando que dá pra pular de uma letra pra outra da noite pro dia.

################### ADENDO 30/09/2012####################
Um leitor me fez a seguinte pergunta sobre o Quadro Europeu Comum de Referência (QECR):

"Por estudar sozinho, estou com alguma dúvidas quanto a relação entre a gramática e o nivel que estou na língua (A1, A2, B1, etc). Existe algum tipo de regra ou relação que mostre isso? Como por exemplo, quais itens da gramática alemã torna uma pessoa nível A1, A2, etc? Preciso de um norteamento para os meus estudos".

É meio errônea a ideia de que haja pontos gramaticais para cada nível do QECR. Tem muita gente que pensa assim: se eles pedem A2 eu tenho que saber isso ou aquilo da gramática, como se houvesse algo do tipo "Quem souber usar o acusativo direitinho é A2, quem não souber é A1"... Esse tipo de coisa não há. [Mesmo se houver, é algo feito baseado nele, mas o QECR  dá ideias muito vagas da gramática de cada nível].

O nível da capa serve como orientação
O QECR é todo baseado em comunicação e atos de fala. Ou seja, para estar no A2, você precisa SABER usar a língua de uma determinada tal como eles especificam. Pra realizar as tais atividades comunicativas/linguísticas vão ser necessários certos conhecimentos de gramática (isso vai variar de língua pra língua), mas também vários outros conhecimentos pragmáticos.

Por exemplo: espera-se que um falante de A1/A2 consiga fazer um pedido simples num restaurante, por exemplo, usando a fórmula "ich hätte gern..." ou "ich möchte...". Ambas essas fórmulas estão no Konjunktiv II, mas não é esperado que o estudante de A1/A2 domine o Konjunktiv II de todos os verbos muito menos todos os seus usos. Mais tarde vai aparecer em algum nível algo como "O aluno do nível X deve SABER fazer hipóteses sobre uma situação irreal". Ou seja, pra fazer isso em alemão o aluno vai precisar do Konj. II. Não é a gramática que define o nível, mas sim que tipo de coisas o aluno sabe ou deve saber expressar que definirão em que nível está.

Minha dica pra autodidatas é: comprem livros produzidos na Europa, em especial os que foram produzidos depois do QECR. A maioria dos livros atuais trazem os níveis na capa e os melhores livros têm também tabelas de controle sobre o que se está aprendendo. Assim você pode ter uma ideia de que nível está tentando alcançar ao estudar com aquele livro. Se você estudar só gramática, pode acontecer que você vá fazer um teste e não tenha estudado o Konjuktiv II e não conseguir fazer um simples pedido num restaurante numa prova oral. É por isso que o estudo da gramática tem que sempre ser acompanhado (ou até mesmo usado como acompanhamento) do uso comunicativo.

Ao comprar uma gramática ou livro didático, o nível mostrado na capa serve como orientação. O livro está dizendo: aqui vamos ensinar o que você precisa dominar pra poder realizar os atos de fala prescritos no QECR para o nível X. Tenha sempre a comunicação em mente ao pensar nos níveis do QECR.

Se vocês quiserem mais dicas sobre testes e certificados, clique aqui.

################ ADENDO 17/11/2013 #############################################
É errônea a ideia de que fazer um curso num nível X garante que você tenha o nível X.
Todo mundo sabe que num curso há sempre pessoas que falam melhor que outras. Nem todo mundo está no mesmo nível. Nada garante que, se você fizer um curso B2, terá o nível B2.

O que é ter um determinado nível?
Se você realmente quiser saber se tem um determinado nível, deverá ler as especificações das escalas de cada nível nas mais diversas habilidades linguísticas. O QECR divide essas habilidades em, pelo menos, 5 grandes grupos.

Habilidades receptivas: Compreensão Auditiva, Leitura
Habilidades produtivas: Produção Oral Interativa, Produção Oral (Monólogo), Escrita

Ainda há várias outras escalas no QECR (uma delas de pronúncia, por exemplo).

Ou seja, elas são independentes. Uma pessoa que diz ter um nível B2, deveria ter esse nível em todas as cinco habilidades que falei. Mas há muita gente que frequenta um curso B2, entende tudo, mas não é boa na Produção Oral (monólogo) - por exemplo, fazendo apresentações, dando discursos etc. - apesar de conseguir escrever bem. Cabe ao aluno verificar as suas habilidades e ver se ele já atingiu o nível B2 em todas elas. Isso você pode fazer numa avaliação pessoal, mas também pode fazer num teste de proficiência.

Quer saber realmente se tem um nível X? Faça um teste de proficiência daquele nível (o ONDAF não conta... tem que ser uma prova que teste todas as habilidades - falar, ouvir, ler, escrever). Fazendo um teste, há uma garantia de que você está sendo testado em todas as habilidades. Muitas das provas também dão notas separadas para cada uma das habilidades. Assim você fica sabendo no que se saiu melhor.

Quer ler mais sobre testes? Clique aqui.

Então de sair por aí dizendo: EU TENHO O NÍVEL X, dê uma lida nas escalas que descrevem o seu nível e faça uma avaliação pessoal.

Para baixar todo o QECR em português (é um livro muito extenso!), clique aqui. Mas ler todo o QECR só é importante mesmo para professores. Como aluno o ideal é dar uma lida nas escalas gerais para ter uma ideia geral do que cada nível representa.

Existem vários sites que fornecem testes de nível (mas lembrem-se de que testes de nível são apenas testes gerais... se quiser ter CERTEZA de seu nível, faça um teste de proficiência) baseados no QECR.

Clique aqui para fazer um teste de nível em diversas línguas.

*carece de fontes
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