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25 de abril de 2013

Vida na Alemanha: Fazendo compras no supermercado

Fazer compras no supermercado é superdivertido...#sóquenão!!!

Algumas informações úteis podem ajudar brasileiros de primeira viagem:

1) Há supermercados considerados um pouco mais caros: como Edeka ou Rewe. Nestes há uma grande variedade de produtos e marcas e você poderá, em geral, encontrar produtos das suas marcas favoritas além de produtos da própria marca do supermercado por um preço mais em conta. Há outros supermercados considerados "baratos" (como o Aldi, Penny, Lidl). Neles os produtos são mais baratos... isso não quer dizer que os produtos sejam ruins (mas, às vezes, são ruins no sabor... eu detesto o pão do Aldi, por exemplo hehehe mas isso é algo subjetivo). Só que muitas vezes você não vai encontrar produtos de grandes marcas. Às vezes as marcas dos produtos que são vendidos lá só se encontram pra vender nesses supermercados, de forma que se você for na casa de um amigo você já saberá onde ele faz compras apenas baseado na caixa de suco ou de leite que ele colocar na mesa. Além disso, pessoas que moram só (como eu!) têm dificuldade de encontrar certos produtos alimentícios em quantidades menores, pois a maioria que compra em supermercados tipo Aldi faz compras para a família... O Lidl ou o Netto (que era chamado de Plus) ficam meio a meio entre produtos de marca e produtos de marcas "genéricas".

2) Em todos os supermercados você poderá devolver suas garrafas plásticas ou de vidro para as quais você pagou Pfand (já expliquei isso aqui no blog). Mas tem que lembrar que tem certas garrafas que só são aceitas nos supermercados onde são vendidas. É só procurar uma maquininha pra devolver suas garrafas. Quando não houver máquina, as garrafas podem ser devolvidas no caixa e todo estabelecimento que cobra Pfand de bebidas tem a obrigação de aceitar a devolução das garrafas.

3) Todo supermercado alemão tem carrinhos e para usá-los é geralmente necessário que se coloque uma moeda de 1 ou 2 Euros ou alguma moedinha de plástico que os alemães chamam de chip. Sem isso, não tem como usar o carrinho. Isso também força o cliente a devolver o carrinho lá de onde ele tirou. Em outro caso não receberá o seu euro de volta, tornando desnecessário que um funcionário leve os carrinhos de volta ao seu lugar.

4) Quase nenhum supermercado tem cestinhas. Ou tinha. Quando cheguei aqui nenhum tinha, mas já faz um tempo que o Rewe e o Lild oferecem cestinhas aos clientes. Mas no Aldi, por exemplo, não tem. Isto significa que os alemães saem levando as compras na mão mesmo. Em outros casos, eles pegam alguma caixa de produtos das prateleiras e saem colocando as compras na caixa de papelão. Em alguns lugares é comum que o cliente traga uma sacola de casa, vá colocando as compras na sacola e depois esvazie a sacola no caixa (no Brasil, já pensariam que a pessoa iria sair sem pagar). Ou seja, é a coisa mais normal do mundo carregar as compras na mão. (E nenhum funcionário do supermercado vem te perguntar se você está precisando de uma cestinha).

5) Muitos supermercados têm uma "borboleta" ou porta para entrar e outra para sair. Ou seja, depois de entrar só tem como sair passando pelo caixa. Isto significa que, se você não comprar nada e quiser sair tem que pedir licença aos clientes na fila do caixa para passar e poder sair.

6) As sacolas de TODOS os supermercados são pagas. Se não quiser pagar, traga sua mochila, bolsa, caixa etc. de casa. A única sacolinha que não é paga é aquela usada pra pesar as frutas. Se você comprar bem pouco e tiver esquecido a sacolinha, dá pra usar essas sem pagar :-) Os alemães já saem de casa com suas sacolas de pano ou trazem mochila/caixa de casa.

7) Com exceção dos hipermercados (que também existem na Alemanha, apesar de mais raros), os supermercados alemães têm poucos caixas. Ou seja, dependendo do horário e do dia, as filas são grandes. Mas os caixas são RÁPIDOS, extremamente rápidos. No Aldi não há muito espaço no caixa para se botar as compras, ou seja, você tem que ser rápido para empacotar e pagar, porque os outros clientes já estão esperando a vez. Eles geralmente demonstram uma certa irritação caso você demore muito para pagar e guardar suas compras.

Quer ter uma ideia da rapidez? No Aldi é mais ou menos assim:


8) Num supermercado é possível fazer compras sem falar absolutamente nada de alemão. Mas o mínimo de conversa que acontece no caixa, é da seguinte maneira. Geralmente ao passar as compras o caixa vai te dizer o preço total em voz alta: "Siebzehn Euro achtundzwanzig", por exemplo. (€ 17,28).

Se você pagar com cartão, basta mostrar o cartão e esperar que ela diga que você pode inserir o cartão. Se for em dinheiro é só dar o dinheiro. Algumas vezes você paga com senha do cartão e em outras você tem que assinar. No geral, eles pedem o seu cartão pra conferir a assinatura.

Se pagar em dinheiro e houver troco, o valor do troco é também dito em voz alta.
Todo esse diálogo é sempre terminado com "danke" (obrigado), "bitte" (pois não, aqui está).

Em alguns supermercados ele perguntam se você vai querer levar pra casa o cupom fiscal. Eles usam várias palavras para dizer cupom fiscal: às vezes chamam de "Bon", às vezes de "Kassenzettel", às vezes de "Kassenbon"... Então, se ouvir a pergunta: "Möchen Sie den Bon?" (O sr./A sra. quer o cupom fiscal?) é só dizer um "Ja, bitte" ou "Nein, danke".

9) Os horários de funcionamento dos supermercados variam de lugar pra lugar. Tem uns que fecham às 20:00, outros às 22.00 e alguns poucos já funcionam até 24:00, mas nunca vi um supermercado 24h na Alemanha. Se o supermercado fecha às 22:00 e você ainda está lá fazendo compras às 21:57, não se assuste se um funcionário do supermercado vier até você e pedir pra você se dirigir ao caixa, pois eles querem fechar. Esta cena, quase impensável no Brasil, é a coisa mais comum aqui. Os funcionários querem ir ter a "Feierabend" (fim de expediente) e não têm problema nenhum em avisar aos clientes que o horário de compras já terminou.

Como foi a sua experiência em supermercados alemães?

22 de abril de 2013

Regras do blog - dicas para enviar perguntas

Olá amigos,

A ideia inicial do blog era ter um espaço onde falantes de português que estuda/ra/m ou falam alemão pudessem tirar suas dúvidas de uma forma que muitas vezes não é encontrada nos livros. Como os livros quase nunca são feitos pensando nos brasileiros, muitas dúvidas e dificuldades passam em branco. E o objetivo das perguntas é esse: fazer perguntas que vocês têm durante a aprendizagem, não perguntas soltas, como se o blog fosse um curso.Vocês DEVEM ter outras fontes pra aprender alemão e usar o blog apenas como ferramenta pra complementar os estudos. 

Como recebo muitas perguntas, gostaria de dar algumas dicas, uma espécie de MANUALzinho antes de você enviar a sua:

1 - Dá um busca no blog para saber se sua pergunta já foi respondida. O blog não tem todos os assuntos ainda, mas eu geralmente costumo abordar dificuldades bem comuns. Aos poucos mais e mais assuntos vão sendo abordados. Dá pra procurar lá no alto da página no sistema de BUSCA do blog ou você pode checar nos temas à sua esquerda/direita. As perguntas mais básicas quase sempre já foram respondidas. Recebo toda semana DEZENAS (nem exagero) de perguntas já respondidas no blog.

2 - Faça perguntas SEMPRE específicas. Perguntas do tipo: "Me explica os verbos modais" não posso responder, pois eu teria que escrever dezenas e dezenas de páginas.

Em vez disso, mande com exemplos de onde está a dificuldade. Assim, ó:

"Oi, estava resolvendo um exercício e fiquei na dúvida sobre dizer "Ich DARF" ou "Ich KANN". A frase era assim :"bla bla bla bla". A resposta do livro era "dürfen", mas fiquei sem entender o porquê".
ou

Em vez de perguntar "Me fala sobre as preposições", escreva:

"Oi, eu queria dizer "A partir do mês de abril" e descobri que a preposição que se usa é "AB", mas no meu livro tem dizendo que dá pra usar com dativo e acusativo. Qual o que eu uso?"

em vez de dizer "Quando é que uso IN?" escreva:
"Oi, um dia desses vi escrito "in die Straße" num texto. A frase era assim "blá blá blá". Pq não foi AUF die Straße? Achei que nesse caso se usasse AUF."

As perguntas em vermelho infelizmente eu não respondo. Não é por má vontade, mas é pq a gente fica sem saber onde tá a dúvida da pessoa. Se você formular a pergunta de forma específica (como em azul), contando uma dificuldade ou uma curiosidade sua, é beeeem provável que ela seja respondida. Se for uma pergunta que eu possa responder rapidamente, é provável que a resposta saia assim que eu ler a pergunta.

Tente fazer perguntas cuja resposta você não encontra no seu livro ou no seu curso. Use o blog como complemento aos seus estudos, não como única fonte de informação.

Se mesmo assim sua pergunta não for respondida, galera, paciência, eu faço o blog na boa vontade. Às vezes a pergunta requer mais tempo, pois eu detesto dar respostas incompletas. Aí, vou deixando a pergunta pra depois. Ok, crionças? .-) Sem estresse! :-)


3 - Se um dia sua pergunta ficar no esquecimento, desculpa, não é por mal, nem ache que é algo pessoal. Como falei antes, eu faço blog na boa vontade. Às vezes eu deixo pra responder depois e acabo esquecendo. Se isso acontecer, pode enviar uma outra mensagem e eu dou um jeitinho de dar pelo menos um feedback. Isso vale também para as perguntas do Facebook. Mas nada de ficar com raiva ou achar que eu tenho a "obrigação" de responder. O blog não é uma prestação de serviços gratuitos, que fique bem claro.

Se a paciência faltar, poste a pergunta na página do Facebook (no local adequado) e pode ser que algum outro leitor do blog responda.

4 - No Facebook: mantenha os tópicos organizados. Não faça perguntas que não tenham a ver com os temas. Qualquer pergunta solta pode ser feita através de mensagem, e-mail ou postagem no próprio facebook. Eu não quero sair apagando comentários fora do lugar, mas peço que vocês colaborem em não postar coisas que não têm a ver com os tópicos.

Outra coisa: acho uma profunda falta de respeito de alguns usuários do Facebook em fazerem perguntas, terem a pergunta respondida e simplesmente apagarem a pergunta, muitas vezes apagando assim a resposta que eu tive o trabalho de escrever ou deixando a resposta fora de contexto. Gente, tenham consideração pela pessoa que se deu ao trabalho de responder. Pensem antes de postar.

5 - Não peça traduções, sob hipótese nenhuma! Nem aqui nem no Facebook! Serão todas ignoradas e se for no Facebook eu vou pedir encarecidamente que você apague a postagem, às vezes eu mesmo apagarei a mensagem! Nem de frases, nem de parágrafos, nem de canções, nem de texto nenhum... nem mesmo aquela frase em alemão que você quer tatuar no seu corpo... nem mesmo que seja só uma palavrinha...

Se quiser saber palavras soltas, consulte um dicionário. Um bom dicionário online (que eu uso sempre) é o Pauker.at.

6 - Não usem os comentários do Facebook na nossa página para postar links de download ilegal de livros.

Existem diversos lugares (nesses casos, vocês mesmos devem ir atrás disso, se se interessarem) para baixar livros, música, filmes etc. ilegalmente. Além do mais, não quero dizer que nunca baixei um livro, mas se um dia eu escrevesse um livro, tenho certeza de que este estaria sendo disponibilizado gratuitamente por aí.

Às vezes você encontra boa parte de um livro disponível para visualização no Google Books. Às vezes no site da Amazon dá pra ver também algumas páginas do livro para se ter uma ideia se o livro é bom ou não antes de comprar.

Mas infelizmente não posso aceitar divulgação de links nem aqui nem no Facebook, pois não quero me responsabilizar por seu conteúdo, nem quero que a página seja apagada por conta disso. Por favor, compreendam.  Usem outros meios para terem acesso a links ilegais.

Informação adicional:
7- Eu uso pouco o Twitter, mas se vocês me enviarem mensagens pelo twitter, eu recebo e geralmente respondo. O perfil do blog no skype eu não tenho mais usado, mas uma vez a cada 1.000 anos eu apareço lá no skype. A comunidade do Orkut também não. Use o Facebook, o e-mail ou o Twitter para enviar perguntas. Não adicione meu perfil pessoal no Facebook, pois só adiciono conhecidos. Eu tenho um perfil extra do blog no Facebook, caso alguém queira me ter entre os contatos.

8 - Lembrem-se de que o blog é um BLOG PESSOAL. Não sou jornalista, nem trabalho para um jornal. Portanto, alguns comentários meus escritos no blog expressam minha opinião. Se você não concordar com ela, tem o direito de se manifestar, mas não me combrem sempre imparcialidade nas postagens.

9 - Se você gostar do blog e acha que é um trabalho bem feito, acessado por diversas pessoas no mundo todo, que tal fazer uma doação? (Como fazer uma doação para o blog: clique aqui).

IMPORTANTE! O blog não é feito por um time de pessoas. É feito só por uma pessoa... (que também trabalha, sai com amigos, dorme, come etc...portanto, muuuuuita paciência se a resposta demorar :-)

Por fim, desculpe-me se qualquer resposta ou comentário parecer grosseiro. Não é minha intenção. Mas eu também sou humano e posso, muitas vezes, "überreagieren". Eu tento sempre ser muito paciente e tolerante com comentários e perguntas.

Abraços a todos e obrigado por sempre lerem e seguirem o blog.

11 de abril de 2013

Pergunta do leitor: "Es" + verbo no plural



Pergunta da Karina:

É isso mesmo... esse "es" aí é simplesmente um Platzhalter (ou seja: um ocupador de lugar).

É que em alemão o verbo deve estar SEMPRE na Posição II. Aí, ao trocar a posição do sujeito, precisa-se de um ES para ocupar o lugar :-) Não concorda com o objeto, mas com o sujeito (que continua sendo o mesmo).

Por exemplo: você pode dizer "Ein Buch liegt auf dem Tisch" (Um livro está na mesa). Mas também você pode dizer "Es liegt ein Buch auf dem Tisch". O "es" aparece apenas pra ocupar o lugar que ficaria desocupado, mantendo assim o verbo na posição II.

Se for no plural dá no mesmo.
Ein paar Bücher liegen auf dem Tisch.
Es liegen ein paar Bücher auf dem Tisch.

Ou seja, teoricamente, dá pra dizer os dois. A frase da sua sogra "Es werden auch keine besseren Zeiten mehr kommen" fica meio estranha se colocada na ordem "normal", a meu ver. Onde você colocaria o "auch"?

E aí que vem a segunda parte: quando os alemães costumam usar essas frases com es "sem necessidade"?

A ideia é a seguinte: em muitas línguas (como em português e alemão) é comum que os tópicos dos enunciados - ou seja, aquilo sobre o qual se fala - apareça já no começo da oração enquanto as informações novas apareçam mais no fim. Ou seja, informação conhecida (definida) costuma aparecer de informação nova (indefinida). [Isto é só uma tendência geral, não uma regra fixa]

Vou dar um exemplo:
Um homem lê um livro. Este livro tem 500 páginas. Em cada página há apenas uma frase.

Perceba que nas frases que se seguiram, a tendência foi pegar uma informação conhecida (ou já mencionada no texto) e depois acrescentar uma nova. Informação novas são precedidas geralmente de artigos indefinidos (um homem, um livro etc.) enquanto palavras definidas (como "este", "o") indicam que o ouvinte já sabe do que se trata (ou seja, eu mencionei um livro - "este livro" já dá a entender que você sabe que é o livro que o homem lê).

Ou seja, não é comum (soa até esquisito) fazer esse tipo de frase quando há elementos definidos na oração, pois estes podem ser (e normalmente são) trazidos para o começo da oração.

Soa muito estranho dizer: "Es liegt das Buch auf dem Tisch". Como se trata de um artigo definido, é sinal de que você já sabe de que livro estou falando. Ou seja, o normal é trazer esta informação já conhecida mais pro começo da frase: "Das Buch liegt auf dem Tisch".

Em caso de informações novas (indefinidas) posso ir deixando pra depois.

Es liegt EIN Buch auf dem Tisch.
Es liegen EIN PAAR Bücher auf dem Tisch.

Não seria errado colocá-los na frente da frase, mas só estou tentando explicar o porquê de alguém intuitivamente escolher colocar depois. :-)

Na frase que a sua sogra fez, o "keine" também é um artigo indefinido.

Sua sogra poderia também ter dito:
"Es kommt eine bessere Zeit" (artigo indefinido)
"Es kommen noch bessere Zeiten" (sem artigo)

Mas dificilmente ela diria "Es kommt das Ende". Como "das Ende" aqui é definido, o normal é que se diga "Das Ende kommt" :-) [Lembre-se de que eu não estou falando de certo e errado, apenas de tendências].

Essas frases com "es" também são muito usadas na Voz Passiva, justamente pelos mesmos motivos. Como o agente da oração é omitido, a ação em si fica muito mais em foco do que o objeto da ação. Na falta de um objeto (verbo intransitivo), aquele campo inicial é ocupado pelo "es".

Es wird hier gearbeitet. = Hier wird gearbeitet. (Se trocar a ordem, o "es" desaparece).

Em português, o verbo "trabalhar" (com este sentido do exemplo acima) nem poderia estar na voz passiva. Em alemão, pode-se colocar um "es" pra ocupar aquele lugar que seria do objeto, ou colocar outros advérbios na posição I.

"Es wurde ein Festplattenfehler gefunden" é uma mensagem de erro em computadores.

Foi encontrado um erro no disco rígido. (Veja que em português também poderíamos colocar "um erro" depois dos verbos, deixando assim a ação em foco. Só que em alemão tem que aparecer um "es" pra manter o verbo na posição II).

Como já mencionei antes, não seria errado dizer "Ein Festplattenfehler wurde gefunden", mas a ordem das palavras é mais influenciada por uma questão de dar foco a uma informação ou por ela ser nova ou conhecida.

Espero que tenha ficado claro.

P.S. Além do "ES", a palavra "DAS" também pode ter o verbo concordando no plural, caso haja termos no plural na oração. Comentei sobre isso também aqui.

Ex.:

Das ist mein Vater - Este é o meu pai.
Das sind meine Schwestern - Estas são as minhas irmãs.

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Divulguem o blog :)

7 de abril de 2013

Acusativo = objeto direto?

JEIN! (mas é mais não do que sim) :-)

Muita gente leu em algum lugar que o acusativo seria o objeto direto em português enquanto o dativo seria o objeto indireto. Eu não diria pra você apagar isso da sua cabeça 100%. Mas eu queria dizer que esta ideia é errônea em partes.

Em primeiro lugar, como já expliquei em várias outras partes do blog, o acusativo é um caso do alemão que tem muitas e muitas funções. (acusativo marcado de vermelho, dativo de azul)

1) O acusativo é usado com determinadas preposições, por exemplo, FÜR, GEGEN e OHNE são preposições sempre usadas com o acusativo.

für MICH
gegen DICH
ohne MICH

Ou seja, este fato, por si só, já acabaria de vez com o mito do objeto direto, já que estes últimos não devem vir com preposições.

2) O acusativo é usado com algumas preposições de lugar ao indicar destino final de um deslocamento. Não importa o verbo que o acompanha. O caso é dado pela preposição, não pelo verbo. (Mais explicações aqui)

in DIE STADT (para a cidade) vs. in DER STADT (na cidade)
an DEN STRAND (para a praia) vs. AM STRAND (na praia)

3) O acusativo é usado para indicar tempo quando as locuções temporais vierem sem preposição.

jedeN Tag (todo dia)
jedeN Monat (todo mês)
dieseN Samstag (este sábado)

Eu já tinha explicado isso aqui.

Bem, a esta altura eu já dei TRÊS exemplos de como usar o acusativo sem ter nada a ver com verbos nem com objetos diretos.

Vamos então agora aos objetos verbais.

Existem objetos preposicionados e não preposicionados. (esqueçam o nome objeto direto e indireto por enquanto). (O acusativo está marcado de vermelho e o dativo de azul)
4) Há alguns verbos que têm objetos preposicionados com o acusativo e outros com o dativo. Quem define o caso é a preposição:

a) se for uma preposição que peça SEMPRE o acusativo, será "preposição + ACUSATIVO"
Ich interessiere mich für die deutsche Sprache.
Eu me interesso pela língua alemã.

Aqui não importa se é um objeto preposicionado. A preposição pede o acusativo, portanto, o caso já foi definido pela preposição.

b) caso seja uma preposição que funcione tanto com o acusativo quanto com o dativo (como no caso de IN, AN, AUF etc.), o caso é meio aleatório. O acusativo é bem mais frequente, mas o jeito é decoreba mesmo.
Ich glaube an die Zukunft.
(Eu acredito no futuro).
(Não tem muita lógica.. neste caso tem que ir pro decoreba: "glauben" + an + acusativo)

Ich habe an der Konferenz teilgenommen.
(A mesma preposição AN, mas usada desta vez com o dativo. Decoreba! "teilnehmen" + an + dativo).

Mais uma vez dá pra perceber que não tem nada a ver com objeto direto e indireto.

c) com os objetos não-preposicionados, aí, sim... agora chegamos àquela velha equação: "objeto direto = acusativo". Eu não desaconselho meus alunos a esquecerem isso, pois pode, sim, poupar bastante trabalho.

Nos casos em que o complemento verbal não exigir preposição, é muuuuito comum que em alemão esteja no acusativo aquilo que chamamos de objeto direto em português.

Vamos a exemplos bem banais:

"Paulo comeu a maçã". Paulo é o sujeito. Ele comeu o quê? A maçã. Objeto direto.

Paulo hat den Apfel gegessen. (BINGO! Objeto direto = acusativo)

Ana conheceu o seu chefe. Ana é o sujeito. Ela conheceu quem? O Seu chefe. Objeto direto.

Ana hat ihren Chef kennen gelernt.  (BINGO! Objeto direto = acusativo)

Klaus deu um presente à sua namorada. Klaus é o sujeito. Ele deu o quê? Um presente. Objeto direto. A quem? À sua namorada. Objeto indireto.

Klaus hat seiner Freundin ein Geschenk gegeben. (BINGO! Objeto direto = acusativo; objeto indireto = dativo).

Ora, em um bom número de verbos ainda vale a pena usar a tal equação. Eu, como professor de alemão, jamais daria listas gigantescas de verbos com acusativo e dativo pros meus alunos memorizarem. Essas listas, apesar de úteis, são desanimadoras. Os alunos têm a sensação de que NUNCA vão terminar de memorizar coisas pra conseguir falar uma frase correta em alemão (se já não bastassem os gêneros, plurais, ordem das palavras, conjugações etc.). Pra que colocar "essen", "trinken", "kennen lernen" ou "geben" nesta lista se dá pra usar com eles a famosa equação?

Eu só me esforçaria pra memorizar aqueles que NAO funcionam igual ao português, ou seja, aqueles que têm "objeto direto (português) = dativo (em alemão)" e os que têm "objeto indireto (em português) = acusativo (em alemão). Para estes, teríamos que voltar ao velho decoreba.

Alguns exemplos clássicos que SEMPRE aparecem em toda aula de alemão:

HELFEN/ajudar (em português, objeto direto, em alemão, dativo)
Ele ajudou a mulher. Er hat der Frau geholfen.

FRAGEN/perguntar [em português, se pergunta algo (objeto direto) a alguém (objeto indireto); em alemão tanto a pergunta quanto à pessoa a quem se pergunta fica no acusativo. Vai no decoreba mesmo!]

Ele me perguntou algo. Er hat mich etwas gefragt. (ambos no acusativo, a pessoa eu marquei de verde)

É extremamente errado pensar que "pessoas ficam no dativo" e "coisas no acusativo".. isso não tem NADA A VER. Vai depender do verbo.

Ich lade dich ein. (Eu te convido) - em português, também objeto direto "convidar alguém".
Ich vergebe dir nicht. (Eu não te perdoo). em português, também objeto indireto "perdoar A alguém"

Existem alguns outros pouquíssimos verbos usados com dois complementos no acusativo (o que em português geralmente dá um verbo com objeto direto e indireto):

KOSTEN/custar - Isso me custou 50 Euros. Das hat mich 50 Euro gekostet. (Como saber isso? DECOREBA!)

LEHREN/ensinar - Ele me ensina alemão. Er lehrt mich Deutsch. (tem que decorar!)

NENNEN/chamar de, nomear - Eles me chamam de Fabinho. Sie nennen mich Fabinho.

Mas estes três que citei são exceções. O normal é que no caso de verbos bitransitivos o objeto direto esteja no acusativo e o objeto indireto (geralmente uma pessoa a quem se faz algo) fica no dativo. O caso clássico dos verbos bitransitivos são DAR, COMPRAR, VENDER, ALUGAR etc. onde alguém DÁ, COMPRA, VENDE, ALUGA etc. algo A alguém. :) Existem muitos verbos que se encaixam nessa lógica :-)


A minha dica para os complementos verbais (os famosos objetos direto e indireto) é:
1) Memorize as exceções. Treine-as várias vezes.
2) Se um dia você esquecer a regência de algum verbo por não constar entre as exceções que você estudou tanto, experimente a equação "objeto direto = acusativo". Quase sempre vai dar certo. Se não der, anote na lista das exceções e treine.
3) Aprenda os casos que cada preposição pede.
4) Memorize os verbos com sua preposição. Se você tiver feito bem o passo 3, já saberá com qual caso usar cada um. Com aquelas preposições que regem dois casos, entra mais um decoreba. Mas se na hora de falar você esquecer vale a seguinte dica valiosa:
- a grande maioria de verbos que pedem AUF são com acusativo (nem consigo me lembrar de algum verbo pedindo AUF + dativo): ich freue mich auf deinen Besuch; Pass auf dich auf!
- verbos pedindo IN são poucos: sich verlieben + IN + acusativo; sich irren + IN + dativo.. lembram-se de mais algum importante? :-)
- já os verbos com AN..hmmmmm.. decoreba :-)
Vamos aos links úteis:

1) Como saber o caso das preposições? Clique aqui.
2) O que é acusativo e o que é dativo? Clique aqui ou aqui ou aqui.
3) Como saber qual caso usar com os verbos? Clique aqui.



... die Weltherrschaft an uns zu reißen...


6 de abril de 2013

Pronomes pessoais: maiúscula ou minúscula?

São três regrinhas simples para os pronomes pessoais:

1) Os pronomes pessoais são geralmente escritos com inicial minúscula, a não ser que apareçam em início de frase:

- Was macht er gerade?
- Er liest ein Buch.

2)  O pronome do tratamento formal “Sie” (o sr. /a sra. etc.) e todos os pronomes referentes a ele “Ihnen, Ihr, Ihre etc.” devem ser escritos SEMPRE com inicial maiúscula.

a) Schön Sie zu sehen, Frau Schmidt. Wie geht es Ihnen?
b) Liebe Gäste, vergessen Sie bitte nicht, die Tür abzuschließen, wenn Sie das Zimmer verlassen.
c) Ist das Ihre Tochter auf dem Foto, Herr Liebmann? Ich muss Ihnen sagen, sie ist ein sehr schönes Mädchen.

(O sie marcado em azul não é o mesmo Sie do tratamento formal; é apenas o sie da terceira pessoa do singular do feminino - ela. Portanto, é escrito com inicial minúscula).

3) Os pronomes do tratamento informal „du“ e „ihr“ (tu, você, vocês) e todos os pronomes referentes a eles „dich, dir, euch, deine, euer etc.“ AINDA PODEM ser escritos com inicial maiúscula para denotar respeito ao destinatário em correspondências, e-mails e outras mensagens. A nova ortografia alemã (de 2006) apenas tirou a obrigatoriedade, deixando também possível o uso de minúsculas.

 Repetindo: A inicial maiúscula em correspondências para „du“ e „ihr“ não é errada, mas não é mais obrigatória. . 

A nova ortografia autoriza tanto o uso de minúsculas quanto
de maiúsculas para os pronomes "du" e "ihr" em correspondências. 
"Lieber Holger,
Wie geht’s?
Was hast du/Du für den Sommer vor? Bleibst du/Du in Deutschland bei deiner/Deiner Familie oder macht ihr/Ihr zusammen irgendwo Urlaub? Komm mal nach Brasilien. Es wäre schön, dich/Dich hier zu sehen."

Por experiência, últimas palavras.
1) Com a nova ortografia, o uso de "Du" e "Ihr" maiúsculo caiu bastante, até porque é algo que é quase inexistente em outras línguas. Entre jovens e em situações informais (como o Facebook) o uso de minúsculas é quase generalizado para os pronomes pessoais, com exceção do "Sie" (formal). Ou seja, não tem problema escrever "du", "dein", "dir" sempre com letra minúscula.

2) Mesmo assim, há ainda muitas gerações de alemães que não foram alfabetizados na nova ortografia, portanto, ainda acham importante manter a maiúscula para denotar esse respeito pelo destinatário da mensagem. Ou seja, eu manteria a maiúscula em e-mails para chefe e/ou colegas de trabalho (caso já se tratem por DU, obviamente) ou para pessoas mais velhas (caso se tratem por DU). Assim evita-se o estresse de aquela sua sogra alemã achar que você nem tem respeito por ela e você ainda causa uma boa impressão. Ou uma ideia ainda melhor: observe uma carta, e-mail, mensagem desta pessoa para você e veja se ela usa os pronomes maiúsculos. Retribua, caso necessário! :-) É só um conselho! :-)

Resposta da pergunta do Facebook: Letra C: ambas as frases estão corretas. 

Para quem quiser conferir a regra número 3 no DUDEN, clique aqui.
Para saber mais sobre quem tratar por DU e quem tratar por SIE, clique aqui.

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