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29 de julho de 2014

Musik: Neo Rodeo

Hoje descobri uma banda sem querer. Chama-se Neo Rodeo. Lançaram seu primeiro álbum ano passado e são de Freiburg im Breisgau. Apesar de serem uma banda de rock, conheci a banda através de uma música deles estilo country, que dá título ao álbum:

1) Mein junges und sorgloses Herz (Meu coração jovem e despreocupado)



Die ganze Welt ist voller Freud,
die ganze Welt ist voller Liebe,
die ganze Welt ist voller Freud,
die ganze Welt ist voller Liebe.
Doch es kommt immer wieder der Moment,
indem man zaghaft wird und sich denkt,
komm schon, wir gründen ne Familie,
auf geht's, wir bauen uns ein Haus.
Los geht's, wir machens wie so viele,
doch da pack ich meine Sachen
und mach mich aus dem Staub.
Denn mein junges und sorgloses Herz,
sagt zu mir, 
Junge, nimm das alles nicht zu Ernst
Mein junges, sorgloses, junges und junges sorgloses Herz,
hat mal wieder nix gelernt.

Die ganze Welt ist rosarot,
ist rosarot, seit ich dich liebe,
Die ganze Welt ist rosarot,
ist rosarot, seit ich dich liebe,
doch es kommt hin und wieder der Moment,
indem man zaghaft wird und sich denkt,
komm schon wir setzen nen Vertrag auf,
auf geht's, wir machen's uns bequem,
Liebling, leihst du uns nen Film aus,
ich bin schon unterwegs, du wirst mich nie wieder sehen.
Denn mein junges und sorgloses Herz,
sagt zu mir, Junge nimm das alles nicht so ernst,
Mein junges, sorgloses, junges und sorgloses Herz,
hat mal wieder nix gelernt.
mein junges und sorgloses, junges und sorgloses
mein junges und sorgloses, mein junges und sorgloses,
junges und sorgloses Herz
hat mal wieder nix, mal wieder nix gelernt
mal wieder nix gelernt.


2) Meine Karriere und ich (Minha carreira e eu) 

28 de julho de 2014

Quiz: Der, die oder das?




18 de julho de 2014

Um Brasileiro em Berlim

Hoje morreu o escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro.

O que ele tem a ver com a Alemanha?

Ribeiro morou em Berlim logo após a queda do muro e escreveu várias crônicas sobre sua vida lá. Essas crônicas foram reunidas num livro chamado "Um Brasileiro em Berlim" e mais tarde traduzidas para o alemão.

Pra falar a verdade eu só li esse livro em alemão. Comprei-o quando vim pra Alemanha e aqui só se vendia em alemão. Em 2010 lançaram uma versão bilíngue (português - alemão) que recomendo a todos, pois você pode ler nas duas línguas paralelamente. (Dá pra comprar aqui)

A Editora suhrkamp lançou ano passado especialmente para a Feira de Livros de Frankfurt (na qual o convidado especial era o Brasil) algumas traduções em alemão de outras obras do J. Ubaldo Ribeiro. Ex.: "Brasilien, Brasilien" e "Sargento Getúlio". Ele também esteve na Feira de Frankfurt no ano passado.

Recomendo demais a leitura do livro "Ein Brasilianer in Berlin". Tenho certeza de que a maioria dos brasileiros vão se identificar com várias situações. A minha preferida é quando ele chega num supermercado e quer pedir uma sacola, mas não sabe a palavra em alemão, aponta para a sacola e a mulher do caixa diz: "Das ist kein dah-dah-dah. Das ist kein buh-buh-buh. Das ist ein Tüte. Das ist eine Tüte. Das ist eine Tüüüüüte, ja? Ja? Eine Tüüüüüüte!" Depois disso ele nunca mais esqueceu a bendita palavra.

A morte dele é, com certeza, uma perda para a nossa literatura contemporânea. Descanse em paz!


14 de julho de 2014

6 semanas estudando alemão - 6 anos do blog

Nossa, nem acredito que já se passaram 6 anos da criação deste blog. Ainda me lembro quando estava sentado no meu quarto em Fortaleza e fiz a primeira postagem: CLIQUE AQUI!

O resultado depois de 6 anos é:

1) Uma página do Facebook com mais de 50.000 seguidores e uma média de 200.000 visitas por mês.
2) 3° lugar no concurso de páginas do Facebook e 3° lugar na categoria blog, ambos voltados pra idiomas.
3) Um dos sites sobre a língua alemã em língua portuguesa mais lidos.
4) Centenas de mensagens de agradecimento de várias partes do planeta.

O que ainda falta acontecer:
5) A publicação de um livro :-) (bem, eu venho adiando esse projeto, desculpa... )
6) Dinheiro (fazer blog de besteiras dá mais dinheiro do que fazer blog de línguas... acho que vou mudar de ramo). Ali à esquerda do blog tem um botão de doações pra ajudar esse professor que faz esse blog sozinho... :-) Além de ser um grande incentivo, para alguns é uma forma de agradecer pela contribuição gratuita que o site oferece. Mas quem não tiver dinheiro ou achar que é muita cara-de-pau minha pedir para fazer doações para o site, deem uma olhadinha nos comerciais que aparecem no site de vez em quando. Um clique nos banners que aparecem aqui podem ser de grande ajuda também e não lhe custará nenhum centavo.

Esse ano eu lancei um desafio no blog. Estudar 30 minutos de alemão por dia durante 6 semanas. 

Mais de 1.600 pessoas concordaram em participar do evento, além de manter um diário registrando seus estudos e progressos.

Eu recebi alguns diários e resumos dessas 6 semanas. Confesso que fiquei um pouco decepcionado porque achei que fosse receber mais ou menos uns 100 diários (afinal, foram mais de 1.500 pessoas que disseram que iam participar do desafio). Mas recebi 9 diários, pra ser exato. De certa forma foi bom, pois eu não precisei ler 100 diários (e eu ia ler mesmo!), mas fiquei meio triste, pois afinal eram 1.600 pessoas. Eu não sei se os outros participaram direitinho do desafio e apenas não fizeram o diário, mas aqui vai um puxão de orelha: (não se chateiem com a bronca, é que tô meio "alemão" e essas coisas alemão não deixa passar hehehe)
- Com esse desafio percebemos um dos maiores problemas no aprendizado de idiomas: estabelecer prioridades, organizar-se, desligar-se de distrações. O pedido era simples: estudar 30 minutos de alemão por dia. 30 minutos não é muito. Mas muita gente já encontrou dificuldade nesse pouco. Se contarmos o tanto de horas que as pessoas gastam no Facebook, no Twitter, no Whatsapp, assistindo novelas, vendo todos os episódios de um seriado, vemos quanto tempo é desperdiçado em coisas que não vão trazer nenhum benefício futuro. Alguns disseram que a Copa atrapalhou. Mas gente, eram só 30 minutos. Dava pra fazer isso em dois intervalos dos jogos. Mas acho que tomar cerveja depois dos jogos acabou tirando seu tempo de estudar, né? :-)
- Muita gente diz que QUER aprender alemão e eu não duvido disso, mas muitos não querem pagar o preço necessário para aprender um idioma. Ou seja, existe uma alegria inicial para começar um curso, mas assim que percebem que vai ter que se esforçar, estudar, abdicar umas horinhas por semana para se dedicar ao aprendizado daquela língua, toda a alegria inicial parece que se esvai.

Bem, vou parar aqui de puxar a orelha e dar alguns conselhos (digamos que você queira estudar 1 hora de alemão):
Quelle: Wikimedia Pomodoro Technique
Dica 1) Compre um cronômetro de cozinha (como esse da foto ou em qualquer outro formato) para te dar mais produtividade ao longo do dia. Essa técnica de gerenciamento de tempo foi criada por Francisco Cirillo e é chamada de a Técnica Pomodoro.
São cinco passos:
a) Escolher a tarefa a ser executada (no nosso caso "estudar alemão")
b) Ajustar o pomodoro (alarme) para 25 minutos
c) Trabalhar na tarefa até que o alarme toque; registrar com um "x"
d) Fazer uma pausa curta (3 a 5 minutos) - durante essa pausa você terá 5 minutos para ver as redes sociais.
e) A cada quatro "pomodoros" fazer uma pausa mais longa (15-30 minutos)

Eu sei que existem cronômetros nos smartphones, mas dê preferência a um cronômetro real (para evitar distrações com as notificações do celular). Ou deixe o celular longe e no silencioso de forma que você só o ouça quanto acabar o tempo.

Dica 2) Estabeleça um objetivo concreto e escreva o seu objetivo de aprendizado. Tendo um objetivo concreto fica mais fácil selecionar que materiais usar, o que estudar etc. Objetivos podem ser comunicativos ou de aperfeiçoamento gramatical.

Por exemplo: Objetivo: Aprender as diferenças entre as preposições de tempo
Depois de saber o objetivo você seleciona os materiais e as tarefas: ler no blog Quero Aprender Alemão sobre o tema (aqui), procurar e fazer exercícios na internet (aqui) ou na gramática, escrever um texto descrevendo seu dia tentando usar as preposições de tempo etc.

Esse foi, por exemplo, um dos objetivos da leitora Elaine Serrão de SP. Vejam aqui tudo anotadinho no diário:


Em vez de ter um objetivo "Ver um filme com legendas em alemão" (o que também é bom!), planeje atividades do tipo "Escolher uma cena do filme para analisar o diálogo frase por frase" ou "Anotar 10 expressões usadas durante o filme". Tenha objetivos ao estudar. Não estude por estudar, assim você pode medir o seu sucesso depois.

Diário da Sabrina Sena
Dica 3) Anote seus progressos. Parece bobagem, mas depois que você começar a anotar o que estuda, vai ficar surpreso com o tanto que você já estudou e o tanto que você não estudou. Quando você deixar de estudar um dia, logo vai perceber que aquele dia já se tornaram 3 dias sem estudar. Não precisa fazer nada do tipo "Querido diário, hoje eu estudei o Dativo"... mas quando estudar, anote em algum lugar, seja um caderno, um blog pessoal etc.

Aprendizes eficazes assumem as responsabilidades pelo seu aprendizado e conseguem refletir sobre ele.

A Sabrina Sena diz:
"(...)o que realmente surtiu efeito foi o fato de que eu tinha que escrever um diário todas as vezes que eu acabava de estudar o alemão. O diário serviu para que eu tivesse controle sobre o que eu estava estudando e, principalmente, sobre minhas dificuldades.Os meus estudos melhoraram bastante. Jamais avançava algum assunto sem ter a certeza de que meus pontos fracos já tinham sido trabalhados".

Vamos aqui alguns resultados das 6 semanas de estudo de alemão (são apenas trechos):

Lucas Roberto de Lima: " Os objetivos iniciais foram satisfatoriamente obtidos. A compreensão do idioma aumentou de forma que as notícias e áudios apresentaram um grande aumento do entendimento comparado anteriormente."

Nathalia Schwingel: "Meu material de estudo foi o livro Themen Aktuell 3, o qual uso nas minhas aulas semanais de alemão, assim como, sites em alemão, músicas, alguns vídeos, etc.
Estou animada para continuar os estudos. E sim, senti alguma evolução no meu alemão, muito importante. Estou muito feliz e com muitos planos!"

Elaine Serrão: "Adorei a idéia!! Ajudou bastante e vou tentar continuar com a meia horinha diária!"

Carlos Weldo: "Terminados esses estudos creio que melhorei o alemão em relação ao nível que tinha depois do fim do curso. Ainda estudo o A1 e o curso no qual ingressei era inicial (A1.1). Essas semanas de estudos me permitiram fixar de melhor maneira o que já havia estudado antes, aclarar  determinados assuntos que tinha bem compreendido. Além do mais, dei prosseguimento ao livro, estudando capítulos que não havia estudado".

Jonas Vagula: "Olá, parabéns pela iniciativa, no meu caso, ela ajudou muito na retomada regular do estudo do alemão. Durante estas 6 semanas segui à risca o programa, estudando, no mínimo, 30 minutos diários.O fato é que 30 minutos é um tempo muito curto, e, para quem está interessado no assunto estudado, este tempo tende, invariavelmente, a se alongar. Desta forma, eu diria que, minha média de estudo foi de 1 1/2 horas diárias.
O resultado foi positivo, creio que ampliei em 10 ou 20% meu vocabulário (que é muito pequeno) e , finalmente, acho que superei o Dativo e o Acusativo, pois foi a parte gramatical na qual eu me concentrei."

Reynaldo Fabrinny: "Posso dizer com sinceridade que finalmente saí do 0, pelo menos sinto que sai do 0. Tenho ainda muito, mas muito o que aprender... mas consigo me comunicar um pouco agora. Pretendo continuar nesse ritmo porque tenho uma meta de até o final do ano, conseguir manter uma conversação sem ficar o tempo todo: wie bitte? hahaha "

Márcio Brito: "Como esse mês de junho não tive aulas de alemão no curso (faço aulas particulares, agendando-as conforme minha escala de trabalho, pois trabalho embarcado), acabei avançando por minha conta no livro usado na escola e foi uma experiencia bem legal. Apoiado em um bom dicionário (Langenscheidt) e no site DICT.COM, conseguir progredir e acrescentar mais palavras ao meu vocabulario. Voltarei a ter aulas com a professora essa semana e será muito bom repassar essas liçoes já estudadas. Minha meta agora é estudar mais horas na semana, e vi que isso é possível quando se está motivado a estudar".

Para terminar os relatos, recebi um diário completo em alemão do Felipe A. de Oliveira, de Campinas-SP (aqui vai um trecho)
"Ich bin sehr froh, dass ich an dieser Herausforderung teilnahm. Ich bin sicher, dass diese sechs Wochen sehr erfolgreich waren und dass diese Erfahrung hilfreich gewesen ist, um mein Deutschlernen nach vorne zu bringen. Jetzt möchte ich dieses Lernsystem weiterhin anwenden. Ich konnte  in einer kurzen Zeit viel lernen, und ich habe das allein geschafft. Es gibt zahlreiche kostenlose Materialien und Ressourcen im Netz, die das Deutschlernen einfacher und angenehmer machen können. Deutsch ist nicht so schwer, wenn man motiviert ist und Selbstdisziplin hat"

Fiquei bastante orgulhoso do seu relato Felipe, principalmente em saber que o nosso desafio te ajudou a manter o foco. Continue assim! :-) Fiquei feliz também de ter lido todos os outros relatos (e eu li mesmo, gente), por saber que esse trabalho que realizo aqui com a maior dedicação dá motivação para outras pessoas.

Obrigado a todos que têm sempre divulgado o blog. Obrigado a todos o que me dão motivação para continuar a fazê-lo. Obrigado às inúmeras mensagens de agradecimento, de elogios etc. :-) Eu faço o blog com o maior prazer. Agradeço também às críticas, correções etc. pois sou humano e erro bastante.

12 de julho de 2014

Querid@s amigxs: as marcas de gênero em alemão

Atenção: O texto é um pouco extenso e não será somente sobre a língua alemã. 
Nasci no Brasil, país cuja língua oficial é o português, língua na qual só existem dois gêneros gramaticais: masculino e feminino e poucos resquícios do gênero neutro (nos demonstrativos "isso, isto, aquilo"). O gênero gramatical é muitas vezes confundido com os sexos "masculino e feminino", principalmente porque a maioria dos seres do sexo masculino são representados por substantivos do gênero masculino (e vice-versa).

Como linguista sempre me foi muito clara a ideia de que os gêneros gramaticais ocorrem independente dos sexos, ou seja, sempre esteve muito clara na minha mente que não é necessário um pênis para que um substantivo seja classificado como masculino, nem uma vagina para ser classificado como feminino.

Tomemos alguns exemplos do português:
a criança - Apesar de ser um substantivo do gênero feminino, pode se referir tanto a meninos quanto a meninas. Phillip ainda é uma criança.
a vítima - Apesar de ser um substantivo do gênero feminino, um homem também pode ser uma vítima.

A própria palavra "pessoa" é do gênero feminino, mas designa qualquer ser humano.

Além disso, o mundo não se resume apenas à língua portuguesa. Há muitas línguas europeias com três gêneros gramaticais (masculino, feminino e neutro) - alemão, russo e até latim. Há línguas europeias com os chamados dois gêneros: um gênero comum (o masculino e o feminino se fundiram em um só) e um neutro, por exemplo, o sueco e o holandês. E há línguas europeias sem gênero nenhum (em finlandês, por exemplo, o pronome pessoal hän pode significar ele ou ela). Se nós olharmos outras línguas fora da Europa, veremos línguas com mais de três gêneros. Em Kisuahili, por exemplo, os substantivos são divididos em categorias (por exemplo, plantas e animais, flores, rios etc.). Para mim, o gênero sempre foi apenas uma categoria gramatical e não tem a ver com órgão sexual de ninguém. Em vez de chamarem de "masculino" e "feminino", poderiam ter chamado de "categoria A", "categoria B" ou substantivos do tipo 1 e substantivos do tipo 2, que daria no mesmo.

Na língua portuguesa os substantivos masculinos geralmente são marcados com a desinência de gênero -o enquanto os femininos são marcados com a desinência de gênero -a.

amigo, amiga, médico, médica

Substantivos terminador em -e geralmente podem ser usados pelos dois gêneros:
o/a chefe, o/a estudante, o/a paciente

Por essa razão houve tanto bafafá com a palavra "presidenta". Muitas pessoas acharam desnecessária essa marcação extra do gênero feminino, já que palavras em -e podem ser usadas pelos dois gêneros em português (a presidente) - afinal, não existe "a estudanta" nem "a gerenta", por que existe então a "presidenta"? Não vou me alongar demais no tema. O fato é que a palavra "presidenta" já tinha sido dicionarizada antes mesmo da Dilma ganhar as eleições. Sim, de fato é uma marca gramaticalmente desnecessária. Mas só GRAMATICALMENTE. Socialmente falando, quem usar "presidenta" quer destacar o sexo (não o gênero gramatical) da pessoa em questão. Quando os sexos se misturam com a gramática, dá muita confusão mesmo.

(Calma, gente, já já chego ao alemão).

No francês, por exemplo, até pouco tempo, algumas profissões só existiam na forma masculina, mesmo quando exercida por mulheres. Por exemplo: professeur em francês é usado para designar tanto os professores do sexo masculino quanto as professoras. Hoje em dia, há muitas pessoas que são a favor do uso de "professeure" para se referir a uma professora.

De onde surgem essas ideias? 
Como sabemos, a língua serve para transmitir ideias tanto boas como ruins, serve também para transmitir e reforçar preconceitos. A palavra "rapariga" em Portugal é usada no sentido de "moça, garota". No Brasil, ela ganhou uma conotação pejorativa e não é mais usada em seu sentido original. Então não adianta o fato de todos os livros de português das escolas brasileiras trazerem "rapariga" como feminino de "rapaz". Para um brasileiro, o feminino de "rapaz" é "moça" (assim como o feminino de "moço"). São coisas que saem do âmbito gramatical e vêm para o âmbito sociológico.

Geralmente os preconceitos das palavras atingem grupos que já são vítimas de preconceitos normalmente: negros, mulheres, homossexuais, judeus, ciganos etc. As marcas do sexo feminino podem ser usadas de forma pejorativa quando dirigidas a homens. Chamar um homem de "bicha" em vez de "bicho" é ofensivo, pois numa sociedade machista, a última coisa com a qual os homens querem ser identificados é com o sexo feminino. Nesse caso, a desinência de gênero gramatical acaba também marcando o sexo do indivíduo.

Alemão é uma das línguas que têm um sufixo marcador do sexo feminino: -IN. Vocês leram bem... eu não falei sobre o gênero gramatical feminino, eu falei sobre o sexo feminino, já que o sufixo -IN é usado em palavras relacionadas a seres humanos e animais.

Quando digo que o feminino de König (rei) é Königin (rainha), o sufixo -IN não marca apenas o gênero feminino, mas também o sexo.

Seguindo este mesmo modelo temos inúmeros substantivos:
o/a estudante - (der) Student - (die) Studentin 
o/a vegetariano(a) - (der) Vegetarier - (die) Vegetarierin
o/a católico(a) - (der) Katholik - (die) Katholikin
o/a brasileiro(a) - (der) Brasilianer - (die) Brasilianerin

Mais uma pausa entre Sociologia e Gramática: A Alemanha é um país com uma história de movimentos emancipatórios femininos bastante forte. (E aqui não estou falando apenas sobre o Feminismo, mas sobre diversos movimentos que levaram a uma maior consciência da mulher alemã em relação à sua capacidade, especialmente durante e depois da Segunda Guerra). É só se lembrar das mulheres que tiveram que reconstruir a Alemanha ao fim da Segunda Guerra já que a maior parte dos homens havia morrido em combate. (Para ler mais sobre isso clique aqui). Além disso, as mulheres que cresceram na Alemanha Oriental não eram educadas para ficar em casa, mas sim para trabalharem assim como os homens. Ainda há muito a ser feito hoje em dia, mas sabendo disso é mais fácil compreender a força das gerações de mulheres alemãs do pós-Guerra.

Com os movimentos emancipatórios femininos, tornou-se mais forte o desejo das mulheres de não serem esquecidas linguisticamente.
Um político que quiser fazer sua campanha hoje em dia, jamais poderá se digirir aos seus eleitores e se esquecer de mencionar as eleitorAs. No Brasil, muitos políticos ainda se dirigem aos seus eleitores apenas com um "Caros eleitores" (veja um exemplo aqui). Em alemão, (praticamente) todos os partidos e políticos mencionam os dois sexos (veja o exemplo do Partido Verde aqui ou do partido CDU aqui)

Wählerinnen (eleitoras), Wähler (eleitores) - o sufixo -in marcando o feminino
Não se engane, não estamos falando aqui só de gênero gramatical, mas também dos sexos. Marcar um substantivo com o sufixo -in reforça que a mensagem também está sendo dirigida às mulheres.

Com o tempo surgiram muitas formas de marcar o feminino em cartas e comunicados:

1) Com os parênteses:
Liebe Kolleg(inn)en 
Neue(r) Mitbewohner(in) gesucht

2) Com a letra "i" maiúscula no meio da palavra
Liebe KollegInnen
Neue(r) MitbewohnerIn gesucht


3) Com a repetição. Nesse caso, o feminino aparece SEMPRE antes do masculino
Liebe Kolleginnen, liebe Kollegen
Neue Mitbewohnerin / Neuer Mitbewohner gesucht


Das três formas citadas anteriormente, a que eu vejo ser menos usada é a primeira. As outras duas se tornaram comuns. A forma número 3 parece ser a preferida em textos formais. Eu ainda prefiro a forma número 1, pois acho letras maiúsculas no meio de palavras horrível. Mas isso é só a minha opinião.

Obs.: Informalmente na internet passou-se a usar o arroba para representar as terminações -o e -a. Eu, particularmente, acho fantástico. Em vez de se escrever "amigo(a)", passou-se a escrever "amig@". Depois de um tempo muita gente passou a escrever um x no lugar do arroba (amigx). Eu particularmente acho essa última forma com x horrível, a palavra fica muito estranha. Nem adianta argumentar usando argumentos sociológicos. Continuarei achando um x no lugar de uma vogal totalmente esquisito do ponto de visto estético. Mas não me crucifiquem... é apenas uma opinião pessoal, não estou obrigando ninguém a nada. 

Mas pra que isso? Não dá pra usar só a forma masculina? 
Reconheço que muitas vezes é chato fica dizendo feminino e masculino o tempo todo. Muitas alemães que conheço também acham chato. Se for só no começo de uma carta, tudo bem. Mas num texto mais longo (como num trabalho acadêmico ou num panfleto informativo), onde termos relacionados a pessoas têm que ser repetidos muitas vezes (por exemplo: num panfleto médico seria necessário repetir "Patient" e "Patientin" o tempo todo) muitas vezes os autores (e autoras) escrevem uma observação no começo do trabalho como nota de rodapé:

"Alle personenbezogenen Begriffe werden aus Platzgründen in der männlichen Form angeführt . Sie gelten sowohl für Frauen als auch für Männer". (Todos os conceitos relacionados a pessoas serão usados na forma masculinas para economizar espaço. Eles valem tanto para homens quanto para mulheres)

Ou seja, se decidir usar só a forma masculina no seu trabalho da faculdade, é bom avisar aos leitores (e leitoras) do seu trabalho. :-)

Caso envie um e-mail para seus colegas de trabalho, é melhor usar as duas formas para evitar maiores aborrecimentos.

Toda mulher alemã se ressente caso não se use a forma feminina?
Não. E repito: isso nem sempre tem a ver com feminismo.

Eu acho fundamental que as mulheres ganhem mais espaço numa sociedade dominada por homens. Esse maior espaço pode ser reconhecido na língua, fazendo com que o sexo feminino seja reforçado na maneira como as pessoas se expressam. Apesar de a forma masculina ter sido usada historicamente como uma forma que abrange os dois sexos (e ainda ser usada assim), usar a forma feminina é uma maneira de reconhecer a presença da mulher especialmente em espaços onde ela era esquecida ou excluída (no como profissional, como eleitora, como cidadã etc.) Como disse antes: acho que é o mesmo caso do "presidenta". Ninguém é obrigado a dizer "a presidenta". A forma "a presidente" está correta gramaticalmente. Mas dizer "a presidenta" é uma forma de reconhecer e reforçar que é uma mulher que está no poder. Mas não vejo motivo para transformar isso numa guerra.

A geração atual de mulheres alemãs parece ser muito mais "locker" (relaxada) quanto a esses detalhes linguísticos. Eu tenho muitas colegas de trabalho (no meio onde eu trabalho [educação] o número de mulheres é bem superior ao de homens) alemãs e posso relatar algumas coisas:

1) A maioria das minhas colegas de faculdade também acha chato esse exagero na repetição de formas masculinas e femininas sem necessidade. A maioria delas prefere fazer a observação na nota de rodapé para a leitura do trabalho não ficar entediante. Ninguém tem paciência de ler um texto em que tudo tenha que ser dito o tempo todo no feminino e masculino. Ou seja, elas não têm problema em aceitar o masculino genérico. Só que elas não aceitam isso como forma de submissão feminina ao poderio masculino (ou qualquer argumento parecido). A maioria delas acha apenas que o texto fica chato com as repetições.

2) Já tinha percebido há algum tempo que minhas amigas alemãs não usavam formas femininas quando eu esperava que usassem.

Por exemplo: Para dizer "Eu sou vegetariana", eu esperava que as alemãs dissessem "Ich bin Vegetarierin". Mas todas as vegetarianas que conheci até hoje dizem apenas "Ich bin Vegetarier". As veganas dizem "Ich bin Veganer" em vez de "Veganerin". Isso me intrigou muito. Comecei a perceber isso em vários casos. Ouvi mulheres dizendo "Ich bin Katholik" em vez de "Katholikin". (Antes que alguém diga que as formas do feminino não existem, é só conferir no Duden: clique aqui)
Conversei com minhas colegas de trabalho sobre isso. A resposta que ouvi foi que elas acham que há diferenças entre as gerações. Minha colega de trabalho (que já tem mais de 40 anos) disse que sempre usa as formas no feminino, já a filha dela adolescente não as usa. Os motivos são vários:
- as formas do feminino são mais longas do que as do masculino
- no plural as formas ficam mais longas ainda "Vegetarierinnen", enquanto o plural do masculino é bem mais curto.
- por isso, as jovens de hoje não ligam para esses detalhes e preferem a economia linguística.

Não consegui ainda descobrir se isso é aceito gramaticalmente, mas posso dizer que é comum por aqui. Não sei se isso vai mudar com o tempo, mas como ainda há muita desigualdade entre os sexos, é provável que as marcas do feminino não caiam em completo desuso. (Na Uni Leipzig, o feminino genérico passou até a ser obrigatório. Leia mais aqui)

Existe uma solução que agrade a gregos e troianos?
Existe, mas só quando dá.
Muitas empresas, universidades e outras instituições têm tentado usar adjetivos substantivados no plural sempre que possível. A vantagem de usar um adjetivo é que a declinação no plural de todos os gêneros é igual. Às vezes isso só é possível usando um "Partizip I".

Vou dar um exemplo:
A palavra "Student" (estudante universitário) tem uma forma feminina "Studentin" (estudante universitária). Num comunicado aos estudantes, a universidade teria que escrever "Sehr geehrte Studentinnen und Studenten".

Para evitar isso, basta pegar Partizip I do verbo studieren (studierend) e transformar isso num adjetivo substantivado (colocando as terminações dos adjetivos). Vou usar o caso nominativo.
 "Studierende" em vez de "Studenten"
No singular as declinações dos adjetivos têm terminações diferentes:
Masculino: ein Studierender, der Studierende
Feminino: eine Studierende, die Studierende

Mas no plural as terminações de todos os gêneros são iguais, já que só há um artigo no plural para todos os gêneros:
Plural: zwei Studierende, die Studierenden

BINGO! Com isso, é possível usar UMA palavra que não tenha marca de gênero nem de sexo.

Muitas universidades deixaram de chamar as carteirinhas de estudante de Studentenausweis e passaram a chamá-la de Studierendenausweis (como no exemplo aqui). É uma mudança pequena, mas mostra o quanto as instituições públicas (e privadas) tentam se manter o mais neutro possível na forma de tratar as pessoas.

Mas calma, você pode continuar usando as palavras Student e Studentin. Studierende(r) é usado só na linguagem burocrática, não em diálogos comuns. Se você disser que é Student e está procurando o seu Studentenausweis, ninguém vai te condenar.

Nem sempre dá pra usar o Partizip I ou outras formas de adjetivos substantivados, mas hoje em dia procuram-se formas que possam ser usadas para os dois sexos sem problema.

Aqui estão alguns outros exemplos -  lembrem-se de que os exemplos são da linguagem formal e burocrática, você não precisa fazer isso nas suas conversas informais:
- Em vez de dizer Lehrer e Lehrerin, muitas vezes se usa o Partizip I Lehrende ou a palavra Lehrkraft.
- Em vez de dizer Doktorand e Doktorandin, usa-se Promovierende (em português: doutorando)

Algumas profissões já usam adjetivos substantivados normalmente.
Bankangestellte (bancários), Abgeordnete (deputado), Beauftragte (encarregado de...) etc.

Além disso o uso do masculino genérico ainda pode ser encontrado. Por exemplo, ainda é comum ver Liebe Kunden (caros clientes) em vez de Liebe Kundinnen und Kunden. Você pode ver exemplos aqui e aqui. Para comparar veja outro exemplo aqui.

Resumo e conclusão:
1) Gênero gramatical não é igual a sexo nem a igual a identidade de gênero. Gêneros gramaticais são categorias nas quais substantivos são divididos de acordo com características morfológicas. Em vez de chamar de gênero masculino e feminino, poderíamos chamar de "gênero 1" e "gênero 2".
2) Os sexos podem ser marcados nas palavras com o uso de determinados sufixos. Em alemão o sufixo -in é usado para marcar o sexo feminino, não só o gênero gramatical. (Ex.: der Lehrer, die Lehrerin). Ou seja, palavras do gênero masculino ou neutro que se referem a coisas sem identidade sexual não formam substantivos femininos equivalentes com -in.
3) Mesmo que a maior parte da sociedade ainda reconheça apenas dois sexos (masculino e feminino), alemão tem três gêneros gramaticais. Objetos inanimados podem pertencer a qualquer um dos três gêneros. Algumas palavras que se referem a pessoas do sexo feminino são do gênero neutro (já falei sobre isso aqui). Confundir sexo com gênero gramatical pode dar muita confusão.
4) Há uma discussão sobre a neutralidade do uso do masculino genérico. Como a palavra Student (estudante) é usada para representar um estudante do sexo masculino, muitas pessoas acreditam que o uso do plural desta palavra (Studenten) não representa os dois sexos. Por isso, encontraram-se algumas formas de se dirigirem a estudantes de ambos os sexos em textos formais, ou marcando o sexo feminino de forma clara (ex.: StudentInnen) ou usando uma palavra que sirva para ambos os sexos (Studierende).
5) Há uma diferença em como as gerações atuais reagem à obrigatoriedade da marcação do sexo feminino. Para muitos termos para os quais há uma forma feminina, as novas gerações parecem não se importar em usar um masculino genérico. (Ex.: Anna und Claudia sind Vegetarier). As gerações nascidas há mais tempo ainda usam os equivalentes femininos (Anna und Claudia sind Vegetarierinnen).
6) A discussão sobre isso pode parecer chata para muitos homens (e mulheres talvez), mas acho importante que o aprendiz brasileiro e português (e AS aprendizAs também hehehe) ganhem uma sensibilidade quanto a essas diferenças culturais. O que parece chatice e bobagem para uns, pode ser levado bem a sério na Alemanha.

É isso. Ficaria feliz em ler os comentários abaixo. Se eu tiver cometido algum equívoco no texto, fiquem à vontade para comentar. 

11 de julho de 2014

"Danke schön" ou "Dankeschön"?

Uma leitora me perguntou hoje se o correto era escrever junto ou separado. 

Resposta: DEPENDE! 

Quando você quiser dizer "Obrigado(a)" a alguém, escreva separado "Danke schön".

Junto só se escreve se for um substantivo (do gênero neutro: das Dankeschön) que geralmente vem acompanhado de artigo e/ou adjetivo.

Ein großes Dankeschön - Um grande obrigado
Exemplo do Duden: 
"Als kleines Dankeschön brachte er ihr eine Schachtel Pralinen mit" - Como pequeno agradecimento ele trouxe uma caixa de bombons para ela.

10 de julho de 2014

Andreas Bourani - Auf uns

Pra mim essa vai ser a música desta Copa do Mundo. Aqui na Alemanha os jogos são transmitidos pelos canais ZDF e ARD. Ao fim dos jogos eles costumam fazer clipes com os melhores momentos e essa música. A música não foi feita para a Copa, mas a ARD decidiu torná-la a música das suas transmissões do mundial.

Eu gosto da música e também gosto da voz do cantor. Eu não conhecia o cantor antes: Andreas Bourani é alemão, nasceu e cresceu no sul da Alemanha, mas o sobrenome é de origem egípcia.

A letra da música é uma letra motivadora, dando força para as pessoas comemorarem a vida, os momentos felizes e tudo que as une. Por isso, caiu como uma luva para a Copa.

Ein Hoch auf das, was vor uns liegt
Dass es das Beste für uns gibt"

Um "Viva" para tudo o que nos aguarda
Que só haja o melhor para nós


Ein Hoch auf das, was uns vereint
Auf diese Zeit (auf diese Zeit)

Um "Viva!" para tudo o que nos une,
Para esta época!

Ein Hoch auf uns (uns)
Auf dieses Leben
Auf den Moment
Der immer bleibt

Um "Viva" para nós
Para esta vida
Para este momento
Que vai ficar para sempre

Ein Hoch auf uns (uns)
Auf jetzt und ewig
Auf einen Tag
Unendlichkeit

Um "Viva" para nós
Agora e sempre
Para/Em um dia
O infinito

Aqui vai o vídeo oficial e a letra logo abaixo (Um dos vídeos toca no Brasil e o outro toca na Alemanha)





Wer friert uns diesen Moment ein
Besser kann es nicht sein
Denkt an die Tage, die hinter uns liegen
Wie lang wir Freude und Tränen schon teilen
Hier geht jeder für jeden durchs Feuer
Im Regen stehen wir niemals allein
Und solange unsere Herzen uns steuern
Wird das auch immer so sein

Ein Hoch auf das, was vor uns liegt
Dass es das Beste für uns gibt
Ein Hoch auf das, was uns vereint
Auf diese Zeit (auf diese Zeit)
Ein Hoch auf uns (uns)
Auf dieses Leben
Auf den Moment
Der immer bleibt
Ein Hoch auf uns (uns)
Auf jetzt und ewig
Auf einen Tag
Unendlichkeit

Wir haben Flügel, schwören uns ewige Treue
Vergolden uns diesen Tag
(One love)
Ein Leben lang ohne Reue
Vom ersten Schritt bis ins Grab

Ein Hoch auf das, was vor uns liegt
Dass es das Beste für uns gibt
Ein Hoch auf das, was uns vereint
Auf diese Zeit (auf diese Zeit)
Ein Hoch auf uns (uns)
Auf dieses Leben
Auf den Moment
Der immer bleibt
Ein Hoch auf uns (uns)
Auf jetzt und ewig
Auf einen Tag
Unendlichkeit (unendlichkeit)

Ein Feuerwerk aus Endorphinen
Ein Feuerwerk zieht durch die Nacht
So viele Lichter sind geblieben
Ein Augenblick, der uns unsterblich macht
Unsterblich macht

Ein Hoch auf das, was vor uns liegt
Dass es das Beste für uns gibt
Ein Hoch auf das, was uns vereint
Auf diese Zeit (auf diese Zeit)
Ein Hoch auf uns (uns)
Auf dieses Leben
Auf den Moment
Der immer bleibt
Ein Hoch auf uns (uns)
Auf jetzt und ewig
Auf einen Tag
Unendlichkeit

Ein Hoch auf uns
Ein Feuerwerk aus Endorphinen
Ein Hoch auf uns
Ein Feuerwerk zieht durch die Nacht
Ein Hoch auf uns
So viele Lichter sind geblieben
Auf uns

6 de julho de 2014

Pronúncia do ditongo ÄU

Pergunta do leitor: "Boa noite! Me tire uma dúvida se puder? Eu aprendi que na pronuncia de äu é oi. Pq por exemplo, no meu nome e do Lothar Matthäus não ocorre essa pronúncia ou ela ocorre mas ninguém faz ou eu aprendi errado??"

Sua pergunta é interessante.

Você aprendeu correto. O ditongo ÄU em alemão têm a mesma pronúncia do ditongo alemão EU (como em Freud), ou seja, "ói"  [ɔ͜ɪ]. 

Häuser - h [ɔ͜ɪ]ser - h{ói}ser
Mäuse - m [ɔ͜ɪ]se - m{ói}se
Äußerung -  [ɔ͜ɪ]ßerung - {ói}ßerung

Só que há palavras em que esse ÄU, na verdade, é um hiato, não um ditongo. Todos os exemplos abaixo são de hiatos (pra quem não se lembra: hiato é um encontro vocálico no qual as vogais são pronunciadas em sílabas diferentes, enquanto o ditongo é quando as vogais (vogal + semivogal; semivogal + vogal) são pronunciadas na mesma sílaba):

O nome Matthäus é lido em três sílabas: Mat-thä-us. Por isso a pronúncia de cada letra continua.

Há poucas palavras em que isso acontece, geralmente elas terminam em -ÄUM (nas palavras abaixo, lê-se como hiato, ou seja, Ä-UM)

Jubiläum (e todos os compostos: Arbeitsjubiläum, Dienstjubiläum, Geschäftsjubiläum etc.), Apogäum, Athenäum. 
Alguns nomes bíblicos também mantêm essa pronúncia:  Makkabäus, Matthäus, Ptolemäus, Zebedäus etc.

Lembre-se de que isso também pode ocorrer com o encontro EU também. Se for um hiato, a pronúncia de cada letra se mantém:

O exemplo mais clássico é MUSEUM. É raríssimo algum aluno perguntar o porquê de esse "EU" não ser lido como "ói". A explicação é a mesma: a palavra é lida em três sílabas: MU-SE-UM.

Aqui vão outros exemplos: Mausoleum, Kolosseum, Timotheus

Atenção: Em geral, a pronúncia é de ditongo mesmo em palavras parecidas com as do português.

Therapeut - Therap[ɔ͜ɪ]t - Therap{ói]t
Rheumatismus - Rh[ɔ͜ɪ]matismus -  Rh{ói]matismus

O jeito mais fácil é memorizar essas poucas exceções citadas anteriormente, já que elas são, em sua maioria, nomes próprios. 

2 de julho de 2014

Expressões do futebol ao pé da letra

Vários leitores me enviaram esse vídeo essa semana. São várias expressões em alemão usadas nas narrações do futebol, só que interpretadas literalmente. Vocês entendem algumas dessas expressões e o que elas querem dizer em português? Coloque nos comentários.



P.S. Vocês também já viram os vídeos do Cacau tentando ensinar expressões do futebol brasileiro para os alemães? Clique aqui.
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