Já ouvi muita gente dizer que tem medo de estudar alemão apenas por conta da famigerada, aterrorizante, amaldiçoada declinação.
O engraçado é que nunca achei a declinação do alemão "incrivelmente difícil a ponto de me fazer desistir de estudar alemão apenas pelo fato de ela existir". Eu acho até engraçado ouvir que pessoas desistem ou não estudam alemão APENAS por esse motivo. Já fiz muitos tópicos sobre declinação aqui tentando desmistificá-la. Este tópico é dedicado a quem ainda tem medo de estudar alemão por causa das declinações e a quem é iniciante no alemão e que está "sofrendo" com elas.
1) Há resquícios de declinação também no português.
Na maioria das línguas as palavras podem ser flexionadas. Existe a flexão verbal (de verbos) e nominal (de substantivos, artigos, adjetivos, pronomes etc.). Uma das formas de flexão verbal é chamada de "conjugação". O português (e todas as línguas românicas) herdaram do latim um sistema bem complexo de conjugação. Há conjugações incrivelmente irregulares (um falante nativo português não tem a menor dificuldade de identificar formas como "vou, fui, fosse, vá, for, ia etc." como sendo formas conjugadas de um mesmo verbo. Um estrangeiro tem que se "matar" decorando essas formas)
"Declinação" é uma das formas de flexão nominal. Há flexões nominais que não são "declinações". Marcar o plural de um substantivo é flexioná-lo (marcando o número), mas não é declinação. Declinar uma palavra é atribuir uma marca (pode ser um sufixo ou uma alteração na forma da palavra) indicando uma determinada função que esta palavra exerce em relação às outras.
No português (ou até mesmo em inglês) a declinação sobrevive apenas nos pronomes pessoais. Qualquer falante do português sabe dizer frases como "Eu gosto da Joana, mas ela não gosta de mim" ou "Eu conheço a Maria, mas ela não me conhece". De forma natural, mesmo antes que regras nos fossem ensinadas na escola, nós sabíamos que depois da preposição "de", a palavra "eu" se transforma em "mim". E que a palavra "eu" se transforma em "me" como objeto do verbo "conhecer". Isso nós usamos de forma tão natural quanto um alemão declina outras palavras. Isso é declinação. É marcar numa palavra a função sintática que ela exerce em relação a outras palavras.
2) Os substantivos em alemão mal mudam de forma
Eu até entenderia o medo das declinações se a língua alemã tivesse 10 casos e os substantivos alemães mudassem de forma em cada caso. Em russo, por exemplo, os substantivos são declinados em 6 casos diferentes. Em russo também há três gêneros (masculino, feminino e neutro). O pior de tudo: além de os substantivos receberem uma série de terminações diferentes em cada caso, a sílaba tônica também muda dependendo da palavra, tudo sem muita regra. Uma russa amiga minha disse que nem eles mesmos sabem o porquê dessas mudanças de sílaba tônica. Os substantivos do latim também recebiam terminações ao fim da palavra, da mesma forma que conjugamos um verbo.
No alemão, os substantivos quase não se alteram ao serem declinados. Resumidamente, os substantivos alemães só recebem um -S (ou -ES) no genitivo singular (e só os masculinos e neutros.. os femininos nem isso) e recebem um -N no dativo plural (com exceção dos que fazem o plural em -S). Falei grego? Vou dar um exemplo.
Tomemos a palavra "mulher". Observe a declinação em latim:
Agora observe a declinação em russo:
3) A falta de declinação nas línguas é suprida por outras estruturas
No português essas marcas se perderam nos substantivos, artigos, adjetivos e só sobreviveram nos pronomes pessoais. No latim, língua mãe do português, todos os substantivos mudavam de forma de acordo com a sua função. Quem estuda latim sabe que no latim havia 6 casos e as gramáticas dividem os substantivos em 5 grupos de declinação. Como nós perdemos essas marcas no português, nossa língua passou a marcar essas funções de outra forma:
a) através de preposições:
o livro do Paulo - Paulos Buch - Paulo's book (a relação de posse do caso genitivo é expressa em português pela preposição de)
Dei um livro para o Paulo - Ich habe Paulo ein Buch gegeben - I gave Paulo a book / I gave a book to Paulo. (o objeto indireto "receptor" marcado pelo caso dativo no alemão é marcado em português pela preposição para, em inglês ele é marcado pela ordem na oração - antes do objeto direto - ou pela preposição to)
P.S. Cabe lembrar que "do Paulo" não significa dizer que no português há um caso genitivo. Haveria um caso, se substantivos da língua portuguesa como "Paulo" sofressem alterações (sufixos, por exemplo) para indicar posse.
b) uma ordem mais fixa das palavras
Em português é possível dizer "O João te ama" e "O João ama-te", mas não dá pra dizer "Te ama o João", mesmo com a declinação marcada no pronome pessoal. A perda das marcas de declinação fez com que nossa língua congelasse com mais força a forma "Sujeito + verbo + Objeto" como forma de nós idenficarmos com mais rapidez quem exerce as funções sintáticas na oração. Ou seja, as palavras podem até não mudar de forma, mas a ordem delas é mais fixa.
Em inglês a ordem das palavras é também mais fixa: "João loves you" (não se diz "You loves John")
Em alemão há mais flexibilidade na ordem dos complementos (sujeito/objeto).
João liebt dich.
Dich liebt João.
Frases como "Dich liebt João" precisam ser traduzidas em português com mais palavras (algo como "É você que o João ama"). Apesar da frase "Dich liebt João" parecer artificial, há muitíssimos exemplos de frases começadas por objetos diretos ou indiretos em alemão. Não é algo tão incomum assim.
MORAL DA HISTÓRIA: Nossa língua eliminou muitas marcas de casos, mas para isso, outras palavras (preposições, por exemplo) e uma ordem menos maleável das palavras na frase servem para indicar as funções exercidas pelas palavras.
Se substantivos alemães quase não sofrem alteração, o que mais muda com as declinações?
Os que sofrem mais transformações são as palavras que acompanham os substantivos, ou seja, adjetivos, artigos e pronomes.
Por exemplo, vamos tomar como exemplo o artigo definido FEMININO:
Acho que o que mais atrapalha o aprendizado das declinações é o incrível trabalho de memorização para saber se um substantivo é masculino, feminino ou neutro. E isso afeta especialmente os alunos iniciantes, pois esse primeiro contato com o idioma é o momento em que a pessoa tenta ganhar motivação para continuar. No alemão, os alunos inciantes se veem confrontados com um desafio de memorizar os gêneros e a forma do plural de cada palavra já no início do curso, o que parece uma tarefa impossível. Então o desânimo vem qdo o aluno troca um "der" por "die", ou um "den" por "dem", não pela falta de conhecimento das tabelas, mas pela simples dúvida na hora de saber o gênero da palavra em questão.
Isso tudo infelizmente eu não tenho como mudar no idioma alemão. Se eu pudesse, tornaria tudo mais fácil. Mas só posso garantir que não é impossível, não. Há muito brasileiro e português que fala alemão. Não duvide da sua capacidade de aprender alemão!
Mais sobre declinação, clique aqui.
O engraçado é que nunca achei a declinação do alemão "incrivelmente difícil a ponto de me fazer desistir de estudar alemão apenas pelo fato de ela existir". Eu acho até engraçado ouvir que pessoas desistem ou não estudam alemão APENAS por esse motivo. Já fiz muitos tópicos sobre declinação aqui tentando desmistificá-la. Este tópico é dedicado a quem ainda tem medo de estudar alemão por causa das declinações e a quem é iniciante no alemão e que está "sofrendo" com elas.
1) Há resquícios de declinação também no português.
Na maioria das línguas as palavras podem ser flexionadas. Existe a flexão verbal (de verbos) e nominal (de substantivos, artigos, adjetivos, pronomes etc.). Uma das formas de flexão verbal é chamada de "conjugação". O português (e todas as línguas românicas) herdaram do latim um sistema bem complexo de conjugação. Há conjugações incrivelmente irregulares (um falante nativo português não tem a menor dificuldade de identificar formas como "vou, fui, fosse, vá, for, ia etc." como sendo formas conjugadas de um mesmo verbo. Um estrangeiro tem que se "matar" decorando essas formas)
"Declinação" é uma das formas de flexão nominal. Há flexões nominais que não são "declinações". Marcar o plural de um substantivo é flexioná-lo (marcando o número), mas não é declinação. Declinar uma palavra é atribuir uma marca (pode ser um sufixo ou uma alteração na forma da palavra) indicando uma determinada função que esta palavra exerce em relação às outras.
No português (ou até mesmo em inglês) a declinação sobrevive apenas nos pronomes pessoais. Qualquer falante do português sabe dizer frases como "Eu gosto da Joana, mas ela não gosta de mim" ou "Eu conheço a Maria, mas ela não me conhece". De forma natural, mesmo antes que regras nos fossem ensinadas na escola, nós sabíamos que depois da preposição "de", a palavra "eu" se transforma em "mim". E que a palavra "eu" se transforma em "me" como objeto do verbo "conhecer". Isso nós usamos de forma tão natural quanto um alemão declina outras palavras. Isso é declinação. É marcar numa palavra a função sintática que ela exerce em relação a outras palavras.
2) Os substantivos em alemão mal mudam de forma
Eu até entenderia o medo das declinações se a língua alemã tivesse 10 casos e os substantivos alemães mudassem de forma em cada caso. Em russo, por exemplo, os substantivos são declinados em 6 casos diferentes. Em russo também há três gêneros (masculino, feminino e neutro). O pior de tudo: além de os substantivos receberem uma série de terminações diferentes em cada caso, a sílaba tônica também muda dependendo da palavra, tudo sem muita regra. Uma russa amiga minha disse que nem eles mesmos sabem o porquê dessas mudanças de sílaba tônica. Os substantivos do latim também recebiam terminações ao fim da palavra, da mesma forma que conjugamos um verbo.
No alemão, os substantivos quase não se alteram ao serem declinados. Resumidamente, os substantivos alemães só recebem um -S (ou -ES) no genitivo singular (e só os masculinos e neutros.. os femininos nem isso) e recebem um -N no dativo plural (com exceção dos que fazem o plural em -S). Falei grego? Vou dar um exemplo.
Tomemos a palavra "mulher". Observe a declinação em latim:
Agora observe a declinação em russo:
Perceberam que em ambos os casos acima, houve várias terminações diferentes?
Pois bem, vejamos em alemão:
Além de ter dois casos a menos, se você observar cada coluna separadamente, verá que a palavra permanece na mesma forma em todos os casos.
Agora vejamos um exemplo de um substantivo masculino (Lehrer = professor) para exemplificar as regras que falei acima. (-S no genitivo singular e -N no dativo plural).
Em alemão também há um grupo de declinação chamado "declinação-N" cuja característica básica é terminar sempre em -N, com exceção do nominativo singular. Veja no exemplo (Biologe = biólogo):
Há também outras palavras que raramente declinam. Em russo até os números entram na declinação. No alemão, apenas o número um (ein, eine etc.). Os números zwei e drei também podem ser declinados no dativo e genitivo, mas seu uso é bem mais restrito. Fora isso, os numerais permanecem invariáveis.
MORAL DA HISTÓRIA: Na verdade, os substantivos alemães sofrem poucas marcas de declinação. O medo gigantesco de declinar é infundado.
3) A falta de declinação nas línguas é suprida por outras estruturas
No português essas marcas se perderam nos substantivos, artigos, adjetivos e só sobreviveram nos pronomes pessoais. No latim, língua mãe do português, todos os substantivos mudavam de forma de acordo com a sua função. Quem estuda latim sabe que no latim havia 6 casos e as gramáticas dividem os substantivos em 5 grupos de declinação. Como nós perdemos essas marcas no português, nossa língua passou a marcar essas funções de outra forma:
a) através de preposições:
o livro do Paulo - Paulos Buch - Paulo's book (a relação de posse do caso genitivo é expressa em português pela preposição de)
Dei um livro para o Paulo - Ich habe Paulo ein Buch gegeben - I gave Paulo a book / I gave a book to Paulo. (o objeto indireto "receptor" marcado pelo caso dativo no alemão é marcado em português pela preposição para, em inglês ele é marcado pela ordem na oração - antes do objeto direto - ou pela preposição to)
P.S. Cabe lembrar que "do Paulo" não significa dizer que no português há um caso genitivo. Haveria um caso, se substantivos da língua portuguesa como "Paulo" sofressem alterações (sufixos, por exemplo) para indicar posse.
b) uma ordem mais fixa das palavras
Em português é possível dizer "O João te ama" e "O João ama-te", mas não dá pra dizer "Te ama o João", mesmo com a declinação marcada no pronome pessoal. A perda das marcas de declinação fez com que nossa língua congelasse com mais força a forma "Sujeito + verbo + Objeto" como forma de nós idenficarmos com mais rapidez quem exerce as funções sintáticas na oração. Ou seja, as palavras podem até não mudar de forma, mas a ordem delas é mais fixa.
Em inglês a ordem das palavras é também mais fixa: "João loves you" (não se diz "You loves John")
Em alemão há mais flexibilidade na ordem dos complementos (sujeito/objeto).
João liebt dich.
Dich liebt João.
Frases como "Dich liebt João" precisam ser traduzidas em português com mais palavras (algo como "É você que o João ama"). Apesar da frase "Dich liebt João" parecer artificial, há muitíssimos exemplos de frases começadas por objetos diretos ou indiretos em alemão. Não é algo tão incomum assim.
MORAL DA HISTÓRIA: Nossa língua eliminou muitas marcas de casos, mas para isso, outras palavras (preposições, por exemplo) e uma ordem menos maleável das palavras na frase servem para indicar as funções exercidas pelas palavras.
Se substantivos alemães quase não sofrem alteração, o que mais muda com as declinações?
Os que sofrem mais transformações são as palavras que acompanham os substantivos, ou seja, adjetivos, artigos e pronomes.
Por exemplo, vamos tomar como exemplo o artigo definido FEMININO:
Caso | Singular | Plural |
Nominativo | die | die |
Acusativo | die | die |
Dativo | der | den |
Genitivo | der | der |
Apesar de isso parecer algo como 8 artigos diferentes, se observarmos bem só são três formas diferentes: DIE (na metade de cima da tabela), DER (na metade de baixo) e DEN (no dativo plural, que sempre termina em -N de qualquer jeito). Será que isso é realmente algo impossível de se aprender como muitos saem pintando por aí? O.o
Pois bem, consideremos que isso seja motivo suficiente para aterrorizar quem quer estudar alemão. Tá, eu sei, é um decoreba a mais do qual poderíamos todos ser poupados. Mas pensando bem, os artigos definidos femininos dessa tabela podem ser usados com TODOS os substantivos femininos da língua alemã. Ou seja, é muito mais fácil decorar formas de três artigos que podem ser usados para qualquer substantivos do que memorizar tabelas completas de declinação e sílabas tônicas (como é no caso da declinação russa). Além disso, depois de saber a tabela dos artigos definidos fica muuuuito fácil de aprender as outras, pois as terminações são praticamente idênticas.
Compare a tabela dos artigos definidos femininos acima com a tabela dos demonstrativos abaixo. Você verá que as palavras terminam com as mesmas letras.
Quando se abre uma gramática, a impressão que se tem é que se tem que aprender mais uma tabela cheia de palavras declinadas. Mas é só comparar com a tabela dos artigos pra ver que as terminações são idênticas.
Compare a tabela dos artigos definidos femininos acima com a tabela dos demonstrativos abaixo. Você verá que as palavras terminam com as mesmas letras.
Caso | Singular | Plural |
Nominativo | diese | diese |
Acusativo | diese | diese |
Dativo | dieser | diesen |
Genitivo | dieser | dieser |
Quando se abre uma gramática, a impressão que se tem é que se tem que aprender mais uma tabela cheia de palavras declinadas. Mas é só comparar com a tabela dos artigos pra ver que as terminações são idênticas.
Se mesmo depois de tudo isso ainda vierem com o argumento de "Ah, mas inglês não tem nada disso", o máximo que posso lhe dizer é "Mas afinal, você quer aprender inglês ou alemão?"
Se a declinação é algo tão simples quanto você quer transmitir, por que as pessoas dizem que é tão difícil?
Bem, a dificuldade do aluno iniciante alemão não é só aprender que der "vira" den. Eu acho que qualquer pessoa com o tico e teco (dois neurônios) funcionando consegue memorizar uma tabela de artigos. E não precisa de 3 anos para se aprender essa tabela. Acho que bastaria poucas horas para um aluno com mais dificuldade para aprender idiomas e alguns minutos para alunos com boa memória e mais motivados.
Acho que o que mais atrapalha o aprendizado das declinações é o incrível trabalho de memorização para saber se um substantivo é masculino, feminino ou neutro. E isso afeta especialmente os alunos iniciantes, pois esse primeiro contato com o idioma é o momento em que a pessoa tenta ganhar motivação para continuar. No alemão, os alunos inciantes se veem confrontados com um desafio de memorizar os gêneros e a forma do plural de cada palavra já no início do curso, o que parece uma tarefa impossível. Então o desânimo vem qdo o aluno troca um "der" por "die", ou um "den" por "dem", não pela falta de conhecimento das tabelas, mas pela simples dúvida na hora de saber o gênero da palavra em questão.
Além disso, a declinação dos adjetivos é um capítulo da gramática que requer atenção e exercício. Mas os princípios que governam a declinação dos adjetivos também são relativamente simples.
Isso tudo infelizmente eu não tenho como mudar no idioma alemão. Se eu pudesse, tornaria tudo mais fácil. Mas só posso garantir que não é impossível, não. Há muito brasileiro e português que fala alemão. Não duvide da sua capacidade de aprender alemão!
Mais sobre declinação, clique aqui.
Pois é, até comentei esses dias: "e eu pensando que alemão era difícil... foi só começar a estudar russo que mudei de ideia rapidinho!"
ResponderExcluirHahuahuauhahua...
Mas Alemão não é difícil, na Alemanha, qualquer criança de 5 anos fala Alemão...
ExcluirQuand j'avais 5 ans, je parlais le français aussi bien qu'un enfant allemand parle l'allemand. C'est tout simple!
ExcluirQuand j'avais 5 ans, je parlais le français aussi bien qu'un enfant allemand parle l'allemand. C'est tout simple
ExcluirApenas uma observação adicional: embora no alemão a inversão dos termos seja mais comum, no português ela não só é possível como também muito usada em textos literários e acadêmicos. No exemplo acima, dizer "Te ama o João" só é incorreto caso inicie uma frase, já que há uma regra sem exceção que prega: "próclise jamais ocorre em início de frase".
ResponderExcluirSe for no meio da oração, não há problema nenhum em usá-la: "Não devias ficar triste, pois te ama o João". Não é muito comum, como dito anteriormente, mas o português permite essa construção.
Nossa, que cheiro de prescriptivismo!
ExcluirOi, Amauri!
ExcluirEssa regra é mais utilizada no português europeu por uma questão fonética; um brasileiro (com toda certeza) pode utilizar a próclise em início de frase (ao menos na fala) sem medo de ser feliz. É uma regra internalizada da gramática pessoal (de todos os brasileiros, diga-se).
"Dê-me um cigarro, diz a Gramática..."
Desde o movimento do Modernismo, há uma forte pressão para tomar posse da língua portuguesa (que nos foi forçada) e aplica-la ao nosso próprio jeitinho, doce e latino americano de falar (que deixa tudo com mais tempero, não é?).
Os portugueses que me desculpem, mas o português do Brasil é muito mais malemolente.
Um abraço e dois beijos (porque é assim que se faz nas terras tupiniquins),
Larissa
Aproveitando o espaço sobre declinações...sei que o verbo sagen pede dativo e acusativo, e o dativo não pede preposição nesse caso...mas já vi letras de música com o zu antes do dativo...como "Du sagst zu mir: 'Puppe, lass das Denken sein'", de Mia. Está errado esse zu mesmo...ou é algo diferente?
ResponderExcluirAproveitando esse espaço, que fala de declinações...O uso de zu antes do dativo quando se usa o verbo sagen está sempre errado? É comum no dia a dia que os alemães o usem erroneamente na fala? Porque em uma letra de música (MIA - Mausen) a primeira frase é "Du sagst zu mir:'Puppe, lass das Denken sein'"
ResponderExcluirGrato
Pra mim o que mais atrapalha as pessoas no estudo de alemão é esse bloqueio mental de "é difícil". Demorou, mas eu só aprendi alemão mesmo quando desencanei desse negócio de dificuldade. Aliás, acho muito legal estudar a estrutura das línguas como vc colocou nesse post, mesmo sem saber as línguas em questão.
ResponderExcluirRealmente, perto de idiomas antigos ou mais conservadores o alemão tem um sistema bem "superficial" de declinação, já que ela é marcada majoritariamente nas preposições (muitas das quais desnecessárias em idiomas que declinam também o substantivo), adjetivos, pronomes, etc. Dos idiomas germânicos, só aqueles bem conservadores, como o islandês, retiveram a declinação do substantivo.
ResponderExcluirE o que mata mesmo é relacionar determinada palavra a determinado gênero. Quando esta fronteira é superada, declinação só se torna problema quando preposições e adjetivos são encadeados e quando não temos certeza da "regência" de algum verbo.
Putz, tava querendo me matricular no polonês no segundo semestre... kkkk
ResponderExcluirPuts! Esses dias mesmo estava dando uma lida sobre russo e fiquei besta de saber que apesar do alfabeto distinto, ele tem raiz em comum com o latim e tem 6 casos de declinação bem chatinhos. uhahuauhuha
ResponderExcluirAmigo meu estava comentando que ele estudou hungáro durante alguns anos. É bem próximo do finlandês. Então, ele tem trocentos casos de declinação, porém, isso elimina diversas classes gramaticais e a declinação dele é bem lógica. Um sistema muito similar ao nosso sistema de sufixos e prefixos, mas muito mais elaborado. Segundo ele, o que torna difícil o aprendizado é a falta de falantes e materiais para estudos e prática. Que por mais complicado que seja, é só persistir que vai. ;)
Puts! Esses dias mesmo estava dando uma lida sobre russo e fiquei besta de saber que apesar do alfabeto distinto, ele tem raiz em comum com o latim e tem 6 casos de declinação bem chatinhos. uhahuauhuha
ResponderExcluirAmigo meu estava comentando que ele estudou hungáro durante alguns anos. É bem próximo do finlandês. Então, ele tem trocentos casos de declinação, porém, isso elimina diversas classes gramaticais e a declinação dele é bem lógica. Um sistema muito similar ao nosso sistema de sufixos e prefixos, mas muito mais elaborado. Segundo ele, o que torna difícil o aprendizado é a falta de falantes e materiais para estudos e prática. Que por mais complicado que seja, é só persistir que vai. ;)
Pode crer, o húngaro é a lingua com mais números de declinações registrada, são no total 18
ExcluirPuts! Esses dias mesmo estava dando uma lida sobre russo e fiquei besta de saber que apesar do alfabeto distinto, ele tem raiz em comum com o latim e tem 6 casos de declinação bem chatinhos. uhahuauhuha
ResponderExcluirAmigo meu estava comentando que ele estudou hungáro durante alguns anos. É bem próximo do finlandês. Então, ele tem trocentos casos de declinação, porém, isso elimina diversas classes gramaticais e a declinação dele é bem lógica. Um sistema muito similar ao nosso sistema de sufixos e prefixos, mas muito mais elaborado. Segundo ele, o que torna difícil o aprendizado é a falta de falantes e materiais para estudos e prática.
Que por mais complicado que seja, é só persistir que vai. Aprender idiomas nunca é fácil, mas nunca ouvi falar de alguém que morreu por tentar. ;)
Boa noite! Excelenteeeeeeeee blog, to amando!
ResponderExcluirBom, eu falo finlandês, aprendi relativamente rápido, sobre as 14 (14?) declinações em finlandês, eu acho elas mais fáceis que alemão, porque são mais definidas e diferentes.. O alemão como são bem parecidas e algumas são iguais confunde!
Exemplo:
Nainen (Mulher)
Naista (Mulher como objeto direto)
Naisen (Da mulher)
Naisessa (Na mulher)
Naisesta (Sobre a mulher)
Neisella (Na mulher, ou "a mulher tem")
Naiselta (Mulher como sendo a origem, saindo da mulher)
Naiseen (Em direção a mulher)
Naiselle (Para a mulher)
Naisetta (sem a mulher)
Naisena (Fazendo o papel da mulher)
Naiseksi (Pela mulher)
haha e como não tem artigos, fica mais facil ainda haha
O duro é que TUDOOOOO declina, até números!
Muito bom!
ExcluirTb falo finlandês ainda não fluente mais estudo pra chegar lá, acho uma língua beem fácil e não acho o alemão difícil, um pouco a pronúncia, mas entendendo a gramática e tirando da mente que é difícil você aprende fácil.
ExcluirA estrutura das línguas neo latinas são complexas. O alemão é fácl!
ResponderExcluirPara quem reclama das declinações do alemão, eu recomendo muito que tal pessoa tente aprender húngaro, estoniano ou, principalmente, finlandês; ele ou ela nunca mais reclamará do alemão e, por conseguinte, não irá mais, através das suas palavras e comentários negativos, desestimular diejenigen, die Deutsch lernen wollen.
ResponderExcluirEste blog ´
ResponderExcluire ótimo!!!
Tentem estudar a língua tcheca! Também não me parece NADA facil, rsrsrsrs...
ResponderExcluirOlá Fábio, você é mesmo um grande professor, adoro seus comentários e explicações. Agradeço imensamente por todos os pontos positivos demonstrando que a língua alemã não é difícil, porque eu amo o idioma e o pais. O meu grande sonho é entender e falar fluentemente esse maravilhoso idioma. boa sexta-feira!
ResponderExcluirPara quem tem interesse em aprender Polonês, gostaria de recomendar aulas por skype com a Preply https://preply.com/pt/skype/professores--polonesa. Os professores são nativos e estão sempre dispostos a sanar todas as dúvidas dos alunos. Além disso, existe a maravilha de poder criar seus próprios horários, sem contar o custo/benefício: muito mais em conta que um curso físico.
ResponderExcluirUma forma de aprender o género em alemão é fazer exatamente aquilo que nosso cérebro fez quando éramos crianças aprendendo a falar português. A gente escutava o artigo como parte da palavra e aprendia tudo junto, depois que entramos pra escola é que aprendemos que os artigos marcam género e numero. O que eu tenho feito com as palavras em alemão é escrever em post o artigo e a palavra. Depois eu colo os post its pela sala, pelo quarto e pelo banheiro. Cada porta que eu abro eu leio 5 palavras. Só tiro o adesivo quando sei cada uma das cinco palavras e seu significado. Melhorei muito depois que ouvi a explicação de como falantes de língua latina aprendem o género em um curso que estou fazendo sobre o cérebro de pessoas bilingues.
ResponderExcluirQue post incrível, parabéns pelo blog!
ResponderExcluir:)
Desde que comecei a estudar latim (e estendi isso para o alemão), me acostumei a memorizar a sequência com tu fizestes: nom., ac., gen., dat. (para o alemão), mas muitas gramáticas colocam a ordem nom., gen., dat., ac. e isso não me parece nada intuitivo para memorizar. O redator ou alguém sabe a razão de alguns preferirem assim?
ResponderExcluirvitoralves: creio que a razão seja simplesmente a ocorrência estatística dos casos na fala: acusativo mais ocorre, genitivo menos ...
ExcluirLi este artigo e percebi mais ainda como o inglês é simples e prático. Apesar disso amo o idioma alemão e sonho um dia poder ter o alemão como segunda língua igual tenho com o inglês.
ResponderExcluirOlá Fábio, queria só te dizer que você é um SUPER EXEMPLO de professor pra mim! Te acompanho desde 2013 e você me ajudou muito com o alemão durante o meu processo de aprendizado e hoje sou professora de alemão, você me ajuda a transmitir algumas informações pra meus alunos de uma forma mais simples também! Parabéns pelo blog e muitíssimo obrigada por compartilhar seus conhecimentos! Seu trabalho é incrível! Deus te abençoe grandemente!
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