25 de maio de 2014

Os melhores blogs de idiomas

Preciso da ajuda de todos. Chegou a hora de VOTAR!!!

Todos os anos são eleitos os melhores blogs de aprendizado de idiomas. Meu blog foi sempre indicado nos últimos anos. Este vai ser o quinto ano em que peço para vocês, leitores, votarem.

São blogs do mundo inteiro sobre e em diversos idiomas.

Este ano meu blog obteve mais uma vez DUAS indicações: Melhor Blog e Melhor Página do Facebook para aprendizado de idiomas. Como vocês sabem, a maioria dos blogs são escritos em inglês. Portanto, é uma chance de colocar um blog em língua portuguesa entre os principais sites de aprendizado de idiomas.

1) Para votar como melhor página do Facebook para aprendizado de idiomas, clique no seguinte link e procure (em ordem alfabética) o blog "Quero Aprender Alemão". (http://pt.bab.la/noticias/top-100-language-facebook-pages-2016-voting)

2) Para votar no blog (aprenderalemao.com) como um dos melhores blogs de idiomas, clique no seguinte link e procure (em ordem alfabética) por "Quero Aprender Alemão". Votem de diversos aparelhos, computadores, IPs etc. Votem! (http://pt.bab.la/noticias/top-100-language-learning-blogs-2016-voting)

Danke schön!

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Aqui estão os resultados passados:
Resultado de 2012: 

1) O blog ficou em 8° lugar entre as 25 melhores páginas do Facebook para aprendizado de línguas.

2) O blog ficou em 11° lugar entre os 25 melhores blogs para aprendizados de idiomas:

3) Eles também fizeram um ranking geral, ou seja, juntando os 25 melhores de cada categoria (blog, facebook, twitter e blog profissional). A nossa página do Facebook ficou em 25° lugar geral  e o blog só apareceu na 79a. posição na colocação geral. Para ver o ranking geral de todas as categorias, clique aqui.

Muito obrigado a todos que votaram. A votação ocorre todo ano! Até ano que vem. :)


Resultado de 2013:
O blog ficou em terceiro lugar em ambas as categorias: Melhor Blog e Melhor Página do Facebook sobre aprendizado de idiomas. 

Resultados Melhor Blog: http://pt.bab.la/news/top-25-language-learning-blogs-2013
Resultados Melhor Página do Facebook: http://pt.bab.la/noticias/top-25-language-facebook-pages-2013

Na classificação geral (quando se unem todos os competidores de todas as categorias é feito um TOP 100 e o blog ficou mais uma vez entre os TOP 25: em 18° lugar)

Fiquei muito feliz, pois esta é uma competição internacional, com blogs escritos em e sobre diversos idiomas. Obrigado de coração a todos que votaram. Agora é esperar até o ano que vem.

Resultado de 2014

1) O blog ficou em 2° lugar entre as 25 melhores páginas do Facebook para aprendizado de línguas. (WOW! Danke schön!) Você pode conferir aqui.

2) O blog ficou em 3° lugar entre os 25 melhores blogs para aprendizados de idiomas. Você pode conferir aqui.

3) Na classificação geral (quando se unem todos os competidores de todas as categorias é feito um TOP 100) a página do Facebook ficou em 7° lugar e o blog ficou em 25° lugar. Foi o primeiro ano em que ambas as páginas (o blog e o Facebook) ficaram entre no TOP 25 geral :) Você pode conferir aqui.

Resultado de 2015

1) O blog ficou em 2° lugar entre as 25 melhores páginas do Facebook para aprendizado de línguas. (Wooow! Danke schön!). Os três primeiros colocados foram páginas dedicadas ao ensino da língua alemã.

Você pode conferir a lista completa aqui.

2) O blog ficou em 2° lugar (melhoramos uma posição uhuuuull! Daaaanke!) entre os 25 melhores blogs para aprendizados de idiomas. Você pode conferir aqui.

Cabe lembrar que nas duas categorias o nosso blog e a nossa página do Facebook são as únicas páginas escritas em português. A maioria dos sites são escritos em inglês.

3) Na classificação geral (quando se unem todos os competidores de todas as categorias é feito um TOP 100) a página do Facebook ficou em 7° lugar (como no ano passado) e o blog ficou em 6° lugar (ano passado ficou em 25°).

Você pode conferir, clicando no banner abaixo:
Top 100 Language Lovers 2015


Muito obrigado de coração a todos que votaram. Rumo ao 1° lugar ano que vem! Até lá!

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23 de maio de 2014

Qual a diferença entre Flagge e Fahne?

Há duas palavras usadas comumente para a palavra "bandeira": Fahne e Flagge


Tempos através indiquei no blog uma coleção de livros do jornalista Bastian Sick chamada "Der Dativ ist dem Genitiv sein Tod", que é uma coleção das suas colunas para a revista Spiegel (Bastian Sick é como se fosse o Prof. Pasquale da Alemanha...  ele tem uma coluna sobre língua alemã na revista Spiegel. Nem tudo o que ele escreve é confirmado pela Linguística - claro, ele é um jornalista, não um linguista, então os seus textos devem ser consumidos com moderação - mas muitos dos textos dele são interessantes).  Num dos capítulos de um dos exemplares dessa coleção, ele explica a diferença entre '(die) Fahne' e '(die) Flagge'. Apesar de haver uma diferença histórica em como ambas as palavras entraram na língua alemã moderna, ele diz que não há diferença e que ambas são sinônimas. Alguns alemães supõem que Fahne seria a bandeira mais trabalhada, oficial, enquanto Flagge seria a industrial, dessas que se compram pra torcer na Copa do Mundo. Mas o Bastian Sick não confirma essa diferença, pois ambas as palavras aparecem nos mesmos contextos. Até na constituição chamam a bandeira de 'Flagge'.

O supermercado Lidl, por exemplo, faz o contrário: chama as bandeirinhas para prender no carro durante a Copa de Autofahnen, mas a bandeira grande eles chamam de Flagge. (Confira aqui ou aqui).


Como disse, resumindo: tanto faz. Fahne e Flagge são sinônimos.

21 de maio de 2014

VER-: O prefixo dos erros

Muita gente me pede para fazer tópicos sobre os sentidos que cada prefixo pode trazer a um verbo. Na verdade, nem todo prefixo tem um sentido único, até porque nem todo verbo tem um sentido concreto. Há muitos verbos usados em sentidos metafóricos ou como uma extensão de sentido de algo concreto.

Eu já fiz UM tópico sobre o prefixo ZER-, considerado o prefixo da destruição. (Clique aqui).

Hoje vou falar sobre UM sentido do prefixo VER-.

"VER-" é um prefixo muito produtivo, ou seja, há muitíssimos verbos formados com ele. Ele é um prefixo SEMPRE inseparável: ou seja, o particípio dos verbos é formado sem o -ge- e a pronúncia dele é sempre átona. (Isso eu já expliquei aqui). Ele não tem um sentido único. A diferença entre um verbo com "ver-" e o seu equivalente sem o prefixo é difícil de dizer assim de forma geral. Há vários grupos de verbos com o prefixo ver- e hoje gostaria de falar de apenas UM deles: o prefixo dos ERROS.

Leia com atenção o que eu vou dizer:
Há um grupo de verbos reflexivos (ou seja, com sich) com o prefixo ver- que indicam que a pessoa se equivocou ou cometeu um erro em algo. 

Condição 1: O verbo tem que ser reflexivo 
Condição 2: Tem que ter o prefixo ver-

P.S. Um grupo de verbos pertence a essa categoria. Isso não quer dizer que todos os verbos reflexivos com o prefixo ver- tenham esse sentido.

Vamos aos exemplos:

rechnen - calcular
sich verrechnen - calcular errado, fazer a conta errada

Ex.: Also, jedes Bier hat € 0,89 gekostet und du hast 5 Bier gekauft. Du musst mir also € 4,55 geben, oder? Nee, Quatsch. Ich habe mich verrechnet. € 4,45, eigentlich. 
(Então, cada cerveja custou € 0,89 e você comprou 5. Então você precisa me dar 4,55, não é? Não, esquece. Eu calculei errado. € 4,45, na verdade)

Mais exemplos:
wählen - escolher, votar; discar (ao telefone)
sich verwählen - discar errado, ligar para o número errado

(Ao telefone)
Ex.: Entschuldigung, ich habe mich verwählt. (Desculpe, foi engano)

laufen - correr; andar, caminhar
sich verlaufen - perder-se (ou seja, ir pelo caminho errado)

Ex.: Hänsel und Gretel haben sich im Wald verlaufen. (João e Maria se perderam na floresta)

sprechen - falar
sich versprechen - falar errado (por exemplo, quando alguém pronuncia ou diz algo errado por engano)

Ex.: Entschuldigung, ich meinte nicht "Teufel", sondern "Taufe". Ich habe mich einfach versprochen. (Desculpa, eu não queria dizer "diabo", mas sim "batismo". Acabei falando errado).

Atenção: O verbo versprechen, quando não é reflexivo, quer dizer "prometer":
Ich verspreche es dir. (Eu te prometo).

Atentem sempre para as duas condições dos verbos desse grupo.

Assistam agora a esse pequeno comercial em alemão (dica do leitor Senno Schutel), depois continuem a ler o tópico:



No comercial, as crianças estão xingando uma à outra montando palavras: Kuh (vaca), Depp (imbecil), Zicke ("escandalosa"), Idiot (idiota). O pai bate na mesa e mostra a palavra Hure (que significa "puta"). Depois de perceber o erro que tinha cometido, ele se corrige e escreve Ruhe (que quer dizer nesse caso "Silêncio!").

Ou seja, assim podemos dizer que o pai cometeu um erro ao escrever (schreiben) a palavra. Er hat sich verschrieben.

Existem vários verbos nesse grupo. Talvez agora vocês percebam em outros casos:

sich verlesen - ler errado (ou seja, achar que leu uma coisa, mas era outra)
sich verschlucken - engasgar-se (schlucken quer dizer engolir)

Tarefa de casa: descobrir outros verbos cujo prefixo ver- traz esse sentido de fazer algo "errado".

Espero que isso tenha ajudado vocês a desvendarem um grupo grande de verbos com o prefixo ver-. Mas lembrem-se, isso é apenas um grupo deles e UM significado.

Mas atenção! Isso não quer dizer que todos os verbos com ver- tenham esse significado. Então nada de sair por aí interpretando os verbos de forma errada só porque leu aqui que verbos com ver- podem ter esse sentido. Sendo mais claro: Não, "verheiratet" não quer dizer que a pessoa casou errado, e "verstehen" não quer dizer que a pessoa entendeu errado. Cuidado. Eu não disse que todo verbo com "ver-" tem esse sentido de "erro". Muito cuidado!

Outra hora posto mais sobre esse ou outros prefixos. 

18 de maio de 2014

Bolsas da Fundação Konrad Adenauer

Mais uma chance para quem está querendo estudar na Alemanha. A Fundação Konrad Adenauer está selecionando bolsistas para fazerem pós-graduação (Especialização/Mestrado/Doutorado/Pós-Doutorado) na Alemanha. 

Por se tratar de uma bolsa de uma instituição política (da CDU - União Democrata Cristã), além das notas é necessário ser uma pessoa engajada seja social, religiosa OU politicamente para ganhar uma bolsa. O engajamento sócio-político no país de origem (Brasil) pode ser comprovado, por exemplo,  com a colaboração junto a: 

• partidos ou associações; 
• escolas ou faculdades; 
• instituições religiosas ou assistenciais. 

É importante dizer que essa bolsa também contempla cursos na área de Humanas (para evitar o famoso chororô do pessoal da Humanas no programa Ciências sem Fronteiras), mas não é para alunos da graduação (eu sei, gente, eu também estudei na área de Humanas :( Mas a chance agora está aí) . Além disso, a bolsa não vale para os seguintes cursos: Música e Artes, Medicina, Odontologia e Veterinária.


O formulário de inscrição (clique aqui) deve ser enviado até às 23:59 do dia 1° de junho de 2014 para o endereço adenauer-brasil@kas.de. 

Pré-requisitos:
 - Rendimento acima da média nos estudos de níveis médio e superior 
 - Aptidão pessoal, e engajamento político e social
- Idade máxima de 30 anos no ato da inscrição
- Conhecimentos da língua alemã suficientes para a apresentação do certificado “Zertifikat Deutsch” (nível B1) do Instituto Goethe no momento da partida para a Alemanha
Konrad Adenauer: Bundesarchiv,
B 145 Bild-F078072-0004 /
Katherine Young / CC-BY-SA
- Disposição para regressar ao país de origem e assumir responsabilidades perante o Estado e a sociedade

Benefícios:
- Bolsa mensal variável de acordo com o grau de qualificação do estudante
- Duração mínima de um ano, renovável de acordo com o rendimento acadêmico do estudante
- Passagem aérea de ida e volta
- Seguro de saúde
- Auxílio para compra de livros
- Curso intensivo de alemão no Instituto Goethe como preparação para o exame de proficiência (para casos específicos)

Ainda dá tempo de se inscrever. Corra essa semana e a próxima juntando a documentação necessaria e inscreva-se! Leia o edital clicando aqui.

Atenção: 
a) As informações postadas aqui foram retiradas do site da própria KAS e são apenas para divulgação. (Clique no site: http://www.kas.de/brasilien/pt/pages/7648/)
b) Quaisquer perguntas devem ser enviadas às pessoas responsáveis citadas no edital ou no site. Não enviem perguntas ao nosso site. Estamos apenas divulgando.

Para ver mais dicas de bolsas de estudos, clique aqui.

17 de maio de 2014

Bundes, bundas, abundância...


Atenção: Esse tópico vai falar sobre bunda e tem palavras de baixo-calão.

Hoje o tópico é sobre bundas, sim as mesmas que fizeram o Facebook apagar uma postagem minha. Pra quem não ficou sabendo, a postagem foi apagada por causa da seguinte foto (clique aqui) que aparecia na reportagem do jornal The Telegraph (clique aqui).

Esses dias andando pela rua me lembrei disso outra vez ao ver um cartaz sobre as eleições europeias de um partido chamado "REP". O cartaz traz 4 fotos de bundas e pergunta "Welchen A... wählen Sie nächstes Mal?" (Em qual cu você vai votar da próxima vez?). Fiquei pensando em postar isso no Face, mas percebi que as bundas seriam mais uma vez censuradas pela rede social criada no país que produz a maior quantidade de pornografia do mundo, mas que censura bundas e peitos.

Bem, pra não descer o nível, vamos voltar para a língua alemã:

Há várias palavras para "bunda" em alemão:
a) (der) Po - A meu ver esta é a palavra mais neutra de todas. Não é vulgar. Pode ser dita em qualquer horário e em qualquer canal da TV.
b) (der) Popo - Essa aqui é uma forma mais carinhosa de chamar a bunda, tal como em português "bumbum". Não acho que o termo "popozão" tenha vindo do alemão. Mas acho que no Brasil já era comum chamar as bundinhas de bebê de "popozinho", antes mesmo de o funk carioca ter se tornado famoso nacionalmente. "Popo" também não é vulgar.
c) (der) Hintern - Essa aqui também é uma palavra mais neutra. Seria uma tradução aproximada de "o traseiro". (É só perceber que hinter é a preposição "atrás de")
d) (der) Arsch - A meu ver essa aqui é a única vulgar da lista, apesar de ser bastante usada no dia-a-dia. Ela significa "cu" (como no inglês "ass"). Já participei de algumas discussões sobre o real significado de "cu" em português. Vou resumir aqui o que penso sobre o assunto: A palavra "cu" em português pode se referir tanto à bunda toda quanto ao ânus. Em Portugal, é comum usar a palavra "cu" quando brasileiros dizem "bunda". No Brasil, "cu" é uma palavra vulgar e se refere quase sempre ao "ânus". Ou seja, há momentos em que um alemão diz Arsch querendo dizer apenas "bunda", outras vezes o alemão usa Arsch querendo se referir ao "ânus" (apesar de existir a palavra Arschloch - buraco do cu, olho do cu, que também é usada como xingamento). A meu ver, a palavra Arsch é SEMPRE vulgar. Quando a pessoa quer se referir à bunda sem ser vulgar, ela prefere escolher uma das três primeiras opções. Agora é claro que vai muito do círculo de convivência e do seu nível de tolerância a palavras de baixo calão. No Brasil, há pais que não deixarão seus filhos lerem esse tópico apenas por conter a palavra "cu", outros não ligam pra isso.
e) (das) Gesäß - esta última quer dizer "a(s) nádega(s)". Assim como em português, é uma palavra mais formal.

Se um alemão disser: Sie/Er hat einen schönen Arsch, eu geralmente traduzo como "bunda", pois sei que aqui (na Alemanha) as pessoas toleram bem mais o uso da palavra "Arsch". Mas se alguém morar no "cu do mundo", em alemão dizemos "am Arsch der Welt", ou seja, aqui não dá pra dizer "na bunda/no bumbum do mundo".


Em alemão há muitas palavras com "bunda" no meio heheheh

Deixa eu explicar:

a) (das) Bund - se refere a um conjunto de vários tipos de coisas (geralmente amarradas ou presas de forma conjunta). Por exemplo: ein Bund Heu (Um fardo de feno), ein Bund Schlüssel (um molho de chaves)

b) Essa palavra existe por causa do verbo binden (ligar, atar). O particípio de binden é gebunden. Por isso temos muitas palavras com essa "bunda" no meio.

Por exemplo: verbinden quer dizer "conectar", uma Verbindung é uma "conexão". Ou seja, quando você se conecta a alguém (através da internet ou telefone) pode ser que você leia/ouça uma mensagem dizendo que você está verbunden (conectado). Em linguagem bem culta, o particípio verbunden também pode ser usado no sentido de "grato, agradecido".

Wir sind sehr dankbar = Wir sind sehr verbunden

Agora é só vocês imaginarem quantas palavras em alemão podem ser formar com o verbo "binden" e teremos muitas e muitas bundas: angebunden, abgebunden, beigebunden, zusammengebunden, aneinandergebunden, umbunden, festgebunden, entbunden etc. 

c) (der) Bund - se refere também um conjunto, dessa vez de pessoas ou de membros: uma associação, uma união etc. É muito comum ser usada no sentido de "Federação" (a federação também é uma espécie de união).

É por isso que o nome da República Federativa da Alemanha é BUNDESrepublik Deutschland. (Bund [Federação] + es [letras de ligação] + Republik [república]).

Então tudo que é federativo, a nível nacional, pode ser chamado de "Bundes + [alguma coisa]"

Bundesliga: Liga Nacional (de Futebol)
Bundesdeutsch: alemão da Alemanha Ocidental (em oposição ao Ostdeutsch, alemão oriental)
Bundesgesetz: Lei Federal
Bundeshauptstadt : capital federal
Bundesland: estado federal
Bundesverwaltungsgericht: Tribunal Administrativo Federal
Bundeskanzler: chanceler federal

Mas em outros casos, um "Bund" é uma simples associação, sem necessariamente ser "federal"

Ärztebund: Associação/União de médicos
Sängerbund: Associação de cantores
Staatenbund: Confederação (ao pé da letra: União dos Estados)
Ehebund: União matrimonial

Então, quando você ouvir a palavra "BUND(E)" em alemão, lembre-se do verbo "binden" ou do substantivo "Bund", mas não pense em "bunda".

3 de maio de 2014

Português brasileiro: a língua com objeto oculto

Hoje eu vou dar uma (pequena) aula de português (brasileiro) antes de começar a aula de alemão.

Acho que todo mundo aprende na aula de português o que é um sujeito oculto. A gramática diz que um sujeito oculto é aquele que não é mencionado expressamente na oração, mas que é reconhecido através da desinência verbal.

Por exemplo: Estudamos alemão. (Nesse caso se sabe que o sujeito é "nós", por causa do verbo)

Acrescentaria ao sujeito oculto aqueles casos em que se sabe o sujeito através do contexto (informações contidas no texto):

Ex.: Pedro foi ontem à festa com amigos. Ao chegar lá pediu uma cerveja. (Se tomássemos a forma "pediu" fora de contexto, não seria fácil descobrir o sujeito, já que esta forma pode se referir a várias pessoas do discurso. Mas no contexto é possível inferir que o sujeito de "pediu" é "Pedro").

Isso é possível em línguas como português e espanhol, mas não é possível em línguas como inglês, alemão ou francês. Nessas últimas não existe sujeito oculto. Ele só é omitido em raros casos (como em orações coordenadas).

Ex.: Pedro war gestern mit Freunden auf einer Party. Als er dort ankam, hat er ein Bier bestellt. 
(Em alemão, o sujeito er tem que ser mencionado, e só pode ser omitido em casos como "Er arbeitet und wohnt hier")

Bem, mas vocês já ouviram falar em objeto oculto?
Pois bem... a nomenclatura eu dei pra facilitar o entendimento, mas na Linguística a gente dá outro nome para isso (que não vem ao caso agora).

O português brasileiro oral contemporâneo tem passado por muitas transformações. Um dos fenômenos do do nosso português atual foi o desaparecimento dos pronomes do caso oblíquo de terceira pessoa (o, a, os, as) na fala dos brasileiros e sua substituição por formas idênticas às dos pronomes do caso reto (ele, ela, eles, elas).Refiro-me ao português brasileiro, pois os portugueses ainda usam os pronomes do caso oblíquo com muito mais frequência na oralidade. No Brasil, ele é usado muito raramente na oralidade, quase sempre em linguagem muito formal (como em discursos) ou em casos corrigidos inúmeras vezes pelas professoras de português (como em "Eu a vi" em vez de "Eu vi ela")

Ou seja, a grande maioria dos brasileiros, independente de grau de formação escolar, prefere dizer: "Eu convidei ele" em vez de "Eu o convidei".

Só que esse objeto só é mencionado expressamente com seres animados. Quando o objeto do verbo é um ser inanimado, o mais comum entre os brasileiros é não usar nenhum objeto, deixar a frase sem objeto direto, ou seja, com um objeto oculto, percebido só através do contexto.

Vou dar aqui vários exemplos:

a) Você leu o livro que te emprestei? - Li. (Em vez de dizer "Li-o" ou "Eu o li", dizemos apenas "Li.")
b) Ai, amiga, comprei o novo CD da Rihanna! - Comprou, foi? Adoooooooro. (Em vez de dizer "Comprou-o?" e "Adoro (isso)", preferimos usar os verbos sem objeto.)
c) Sabe aquela cerveja que você trouxe da Alemanha? Já bebi todinha. (Em vez de dizer "Já a bebi toda", preferimos deixar o objeto oculto)

Em todos os casos acima, a omissão do objeto não atrapalha o entendimento da mensagem, já que o contexto ajuda a saber do que se trata.

Já tinham parado pra pensar nisso? Pois é. Apesar de os conservadores e puristas de plantão dizerem que não usar os pronomes oblíquos é "errado" ou "linguagem pobre", a língua muda e essa omissão faz parte da tendência de economia linguística. (ou seja, dizer o mesmo usando menos palavras, menos sílabas, menos fonemas etc.)

Dito isto, agora posso comentar um erro CLÁSSICO de brasileiros estudando alemão (e inglês, francês, espanhol etc.).

Os pronomes do caso oblíquo (ou pronomes objeto) também não podem ser omitidos no alemão padrão.

Ou seja, se alguém te perguntar:
a) Hast du das Buch gelesen, das ich dir geliehen habe?

Você não pode dizer apenas: Ja, ich habe gelesen. Obrigatoriamente você tem que dizer "Ja, ich habe ES gelesen".

Se alguém disse que comprou o CD da Rihanna e você quiser dizer que adora a Rihanna, não dá pra simplesmente dizer "Adooooooro" e traduzir como "Ich liebe". Não pode deixar a frase sem objeto. Você tem que dizer "Ich liebe sie". Uma adolescente alemã talvez dissesse (numa tradução livre):

Echt?  Hast du die/sie wirklich gekauft? Das finde ich der Hammer! Wie geil ist das denn?
Ich liebe. - Frases sem objeto direto. Erro comum de brasileiros.


No McDonald's o slogan na Alemanha é "Ich liebe ES". Numa tradução livre para o português poderia ser "Adoro", mas preferiram traduzir "Amo muito tudo isso" no Brasil, já que "Eu o amo" ficaria muito esquisito. Na minha opinião, "Adoro" teria ficado bem melhor.

E no exemplo c) da cerveja, em alemão você não poderia dizer apenas "Ich habe schon ausgetrunken" (Já bebi). Teria que dizer "Ich habe ES schon ausgetrunken".

Ou seja, você tem que prestar atenção para não deixar frases sem objeto em alemão (nem em outras línguas que aprende, quando for obrigatório). Isso é um trabalho grande a ser feito, já que nós, brasileiros, nos acostumamos a falar menos e deixar o contexto ajudar.

Existem algumas maneiras de usar o objeto direto sem parecer tão artificial pra gente.

Uma bem comum dos alemães é usar os pronomes demonstrativos (na função de objeto). Os pronomes demonstrativos têm quase sempre a mesma forma dos artigos definidos (der, die, das).

Se alguém te perguntar:
Wie findest du die neue CD von Rihanna? (O que você acha do novo CD da Rihanna?)
Die finde ich super. (Acho ótimo)

Em vez de começar a frase com o sujeito (ich), você já começa pelo objeto (die), evitando que você esqueça de mencioná-lo depois. O uso do pronome demonstrativo (die) em vez do pronome pessoal (sie) é algo muito comum na Alemanha, especialmente em início de oração.

Wo hast du dein Fahrrad gekauft? (Onde você comprou sua bicicleta?)
Das habe ich auf dem Flohmarkt gekauft. (Comprei no mercado de pulgas)

O mesmo dá pra fazer com substantivos de outros gêneros. Como Fahrrad é do gênero neutro, usa-se das. Também seria possível usar o pronome "es", mas este viria obrigatoriamente após o verbo. Observe que eu traduzi os dois últimos exemplos acima sem objeto direto na frase em português. Isso foi de propósito, pois é bem comum falarmos assim mesmo.

Ich habe es auf dem Flohmarkt gekauft.

Atenção: Na linguagem coloquial, é comum a omissão do sujeito ou objeto, até mesmo em alemão, desde que este ocupe a primeira posição da oração. Na internet ou SMS é comum eliminar vários sujeitos para economizar espaço na mensagem.

Exemplos:

Em vez de enviar um SMS com "Ich bin am Hauptbahnhof", a pessoa pode enviar um SMS com "Bin am Hbf". Apesar de a frase ser totalmente compreensível, a forma verbal "bin" sem o sujeito "ich" não é considerada  completa no alemão padrão. Numa redação da escola, você pode repetir o "ich" quantas vezes forem necessárias.

Se alguém te perguntar:
Na, wie findest du meine neue Frisur? (E aí? O que você acha do meu novo penteado?)
Você pode responder de várias maneiras:
a) Linguagem padrão: Ich finde sie sehr schön.
b) Linguagem padrão (comum na oralidade): Die finde ich sehr schön.
c) Linguagem coloquial: Ø Finde ich super schön. (Eliminação do pronome inicial "die". A prova de que o objeto é oculto é que a ordem da frase não muda. Primeiro vem o objeto oculto, depois o verbo conjugado que continua na posição II. A palavra "super" é típica da linguagem coloquial.

Um exemplo de sujeito oculto
em alemão na linguagem da internet
 "(Das) gefällt mir"
Para terminar:

Antes de saírem colocando objetos até onde não existe, preste atenção se o verbo requer um objeto ou não (seja no dativo ou no acusativo). Vale lembrar que em alemão há verbos intransitivos também, sem nenhum objeto.

Ex.: Ich arbeite. (Eu trabalho - não há necessidade de acrescentar um objeto aqui)

Por que você não está aprendendo alemão?

Eu sei da fama da língua alemã: "Deustche Sprache, schwere Sprache", é o que se diz até na Alemanha. Mas será mesmo que toda a culpa do aprendizado da língua alemã recai apenas na sua gramática "incrivelmente difícil"? No meu aprendizado pessoal da língua alemã (que já contei aqui), eu tive uma sorte tremenda: Eu nunca tinha ouvido falar que alemão fosse difícil. Eu não fazia a menor ideia. Acho que isso me fez estudar alemão sem o menor medo.

Mas vou alistar algumas coisas aqui que realmente vejo atrapalhar o aprendizado do idioma alemão, tanto para meus conterrâneos que moram na Alemanha quanto os que moram no Brasil.

1) Medo de errar por não saber o gênero das palavras ( "der", "die", "das")
Vou confessar algo: quando ainda estava aprendendo alemão, eu comecei a praticar o idioma pela internet. Uma das minhas dificuldades era justamente esquecer (ou não saber) o gênero de algumas palavras. Então pra escrever uma simples frase eu parava pra buscar o gênero no dicionário e formular a frase. Isso era um "chat" ou "troca de e-mails", então dava tempo de fazer isso. Mas imagine se fosse falando?!?!?

Muito brasuca (ou portuga) evita abrir a boca com medo de dizer coisas do tipo "minha pai" ou "dois pessoas". Mas temos que fazer uma diferenciação. Uma coisa é aprender alemão pra passar numa prova. Outra coisa é aprender para se comunicar. Trocar os gêneros das palavras geralmente não atrapalha a comunicação. Se seu objetivo é apenas conversar com alguém, relaxe um pouco mais e fale mesmo com os gêneros errados. É sério... é melhor falar com todos os artigos trocados do que trocar pra inglês. Você tem que se forçar a falar se quiser melhorar sua capacidade de falar.

Tá.. seu objetivo não deve ser falar a vida toda assim, mas se isso for uma das razões que te impeçam de falar, pelamordideos, relaxe e FALE! Um alemão que fala "Minha dia foi boa" só porque "dia" termina em "a" consegue passar sua mensagem mesmo assim. Então se você disser um "Meine Tag" em vez de "Mein Tag", relaxe. Agora, tente trabalhar isso pra não ficar falando assim pra sempre. Mas se for só isso que está deixando você mudo(a), relaxe e fale mais.

Pra mim, acertar o "der, die, das" é comparável  a aprender a escrita e pronúncia do inglês. No começo a gente vê uma palavra (como "sea" e "bear") e não sabe como pronunciar. Depois com o tempo a gente vai se acostumando a ler em inglês até palavras que nunca viu antes. Vez por outra se comete um erro, mas é algo de costume. O "der, die, das" pode parecer difícil no começo, mas com o tempo realmente se acostuma. Vez por outra a gente comete um erro, isso é normal.

Para aprender algumas regras para saber os gêneros, clique aqui.

2) Estuda muita gramática, mas esquece vocabulário


Tem gente que gasta horas e horas e horas estudando acusativo e dativo, preposições, conjugações. Isso é ótimo. Mas nós, professores, temos que usar sempre os mesmos exemplos: "der Tisch", "das Buch", "die Lampe", os verbos de sempre "helfen, kaufen, sehen etc.", os advérbios de sempre "heute, gestern, hier etc." para não correr o risco de não ser entendido.

Tomemos um exemplo: kaufen. Um alemão sabe dizer mais do que só "kaufen". Há muitos verbos com significados bem semelhantes: erwerben, sich etwas anschaffen, sich etwas besorgen etc. Aumentar o vocabulário deve ser tarefa constante de todo estudante que queira melhorar sua compreensão no idioma. Não dá pra esperar que todo alemão use apenas aquela frase que apareceu no diálogo do seu livro.

Não estou dizendo que um aluno iniciante precisa saber todas essas palavras. O que quero dizer é que não se deve medir o conhecimento do idioma apenas pelo aprendizado da gramática. Muita gente vai passando de um nível pra outro aprendendo estruturas gramaticais cada vez mais complicadas, mas sem aprender novas palavras.

O ideal é que você estude novas palavras por conta própria e que aprenda novas palavras através do uso autêntico da língua em situações de comunicação. Acredite, a maioria das vezes em que você não entende algo que um alemão disse é porque lhe falta vocabulário. Só depois dos problemas de vocabulário é que vêm os problemas em entender a estrutura da frase. Mesmo que você não entenda bem acusativo e dativo, é bem provável que você entenda o que alguém te disse apenas por conhecer as palavras que ele usou.

Estudar vocabulário é algo que você vai fazer pra vida toda. Chega-se num nível de alemão em que você conhece praticamente todos os fenômenos gramaticais e o entendimento falha apenas por você não conhecer uma palavra ou expressão.

Eu mesmo, quando dou exemplos no blog, procuro usar só palavras fáceis para garantir que alunos iniciantes também entendam. Mas sei que na prática os alemães usam mais palavras do que as que aparecem nos livros.

Quer saber como aumentar vocabulário? Clique aqui.

3) Não estuda no Brasil, esperando ficar fluente só na Alemanha
Quantas pessoas em cursos de línguas do Brasil repetem pra si mesmas "Nem vale a pena fazer curso. Só se aprende mesmo estando no país"? Inúmeras!
Para os que ainda acreditam nisso, sinto muito: há inúmeros brasileiros jovens vindo com bolsa de estudo para a Alemanha, passam 1 ano (às vezes 1 ano e meio) aqui e mesmo assim voltam sem alemão fluente. Ou seja, a estadia num país não é garantia de aprendizado de uma língua.

Por que isso tem acontecido tanto?
1) Quem sai do Brasil com pouco ou nenhum conhecimento de alemão não consegue manter nenhuma conversa em alemão assim que chega (o que pode ser meio frustrante)
2) Por isso, as conversas tendem a ser em inglês ou em português (hoje em dia basta uma mensagem no Facebook perguntando "Quero conhecer brasileiros que morem na cidade X?" para fazer amizades com brasileiros). Com isso, o que deveria ser um ano (ou 18 meses) aprendendo e praticando alemão passa a ser um ano falando inglês e português -  não muito diferente do Brasil, onde a pessoa sai do curso de alemão, mas fala português na rua.
3) Mesmo fazendo curso de alemão na Alemanha e mesmo morando com alemães, vai demorar meses até a pessoa adquirir vocabulário e estruturas gramaticais suficientes para manter uma conversa descontraída com alguém. Até lá, a maioria dos alemães que você conhecer já vai ter se acostumado a falar inglês com você e vai ser muito difícil chegar o momento em que você diga "Por favor, vamos falar só alemão a partir de agora, preciso praticar mais". Quando esse momento chegar, talvez já esteja perto da hora de voltar.
4) Para aqueles que vieram para fazer intercâmbio na universidade, vão perceber o quanto poderiam aproveitar melhor as aulas, os livros da biblioteca, as vagas de estágio se soubessem melhor alemão. A motivação para adquirir fluência talvez venha tarde demais.
5) Nem tudo é negativo. O positivo sobre a estadia no exterior é que a pessoa passa a ver e ouvir alemão sendo usado normalmente para conversar (não como uma língua de ETs). O básico é aprendido rápido e em pouco tempo a pessoa já sabe o tanto de alemão necessário para sobrevivência (comprar, perguntar o preço, agradecer, dizer algo como "Desculpa, meu alemão não é bom. Alemão é muito difícil" arrancando risadinhas dos nativos que passam a falar inglês com o(a) brasileiro(a))

P.S. Mas eu dou os parabéns a TODOS os que vieram com pouco conhecimento de alemão, mas que aproveitaram a estadia aqui para se dedicarem ao estudo da língua e conseguiram chegar a um nível alto de fluência. Nada é impossível! Parabéns!

Como se pode quebrar esse ciclo?
1) O ideal seria estudar o máximo que puder da língua antes de sair e aplicar (ainda no Brasil) primeiramente esses conhecimentos com pessoas da internet. Há inúmeros sites onde é possível procurar pessoas para praticar e fazer intercâmbio de idiomas (não é dar aula, é apenas para praticar). Se todo mundo chegasse com o nível B1 concluído, já seria suficiente para se sentir mais à vontade para usar a língua desde o primeiro dia.

Exemplo: Procurem pessoas no site italki ou no Conversation Exchange.

2) Quando chegar à Alemanha, mesmo que você fale inglês nos momentos em que o vocabulário do alemão não ajudar, você terá mais segurança de se aventurar tentando falar alemão. Como você ousa fazer frases mais longas, conseguirá manter mais conversas.

3) Se o seu interlocutor alemão perceber que você está tendo dificuldade para manter uma conversa, pode ser que ele tente falar inglês com você. Seja persistente e peça-lhe que tenha paciência e diga que você precisa praticar seu alemão. Os alemães mais jovens adoram usar os estrangeiros para praticar o inglês deles. Corte as asinhas deles. Se ainda for muito difícil falar alemão, tente estabelecer horários fixos para falar alemão. Por exemplo, se seu companheiro de casa quiser praticar inglês com você, vocês podem combinar de falarem 30 minutos em alemão antes de mudar pro inglês.

4) Faça cursos de alemão. Se você vier já com o nível B1 completo (aqui refiro-me não ao nível que aparece no teste onDaF, mas sim ao seu nível real, baseado naquilo que você sabe de fato), vai ser fácil aproveitar o seu tempo de estadia para chegar aos níveis mais altos no idioma. Já que no Brasil cursos de alemão avançado são difíceis de encontrar, o melhor lugar pra fazer esses cursos é aqui na Alemanha. Então, em vez de aproveitar seu intercâmbio pra fazer um curso do nível A1, é melhor fazer no Brasil e aproveitar a estadia aqui para fazer cursos mais avançados. Vale a pena sair do Brasil com conhecimentos de alemão que vão além do basicão.

4) Passa a maior parte do tempo no exterior em contato com brasileiros (ao vivo e on-line)
A primeira coisa que a maioria dos conterrâneos têm feito ao sair do Brasil é procurar brasileiros.
Antes de qualquer coisa: eu não acho ruim ter amigos brasileiros no exterior. Eu tenho vários. E eu acho que preciso deles, sim, para poder extravasar a vontade de falar português, de falar sobre coisas do Brasil, de cantar músicas brasileiras etc. Isso é normal. Mas estou numa posição confortável, pois já falo alemão. Além disso eu trabalho com alemães, tenho amigos alemães, falo português e alemão diariamente.

Ou seja, o problema não é contato, em si, mas a proporção entre "grupo com quem falo alemão" e "grupo com quem falo português" ou "horas gastas falando/estudando alemão" e "horas gastas falando português". Aí é que mora o problema.

Por que isso acontece?
- Muitos brasileiros que vivem atualmente na Alemanha têm vindo através de programas de intercâmbio. Muitos têm direito a fazer um curso de alemão ao chegarem no país. Acontece que o programa acaba colocando muitos brasileiros na mesma cidade fazendo o mesmo curso. Impossível ter um grupo internacional de amigos quando na sua turma do curso quase todo mundo vem do Brasil (mais um motivo para você aprender alemão antes de vir, pois aqui você vai aprender tal como no Brasil, ou seja, falando português depois do curso)
- Outra razão para os brasileiros se enturmarem rápido com outros brasucas é o ponto número 3. Como chegam com poucos conhecimentos de alemão, demoram muito para fazer amizades com alemães. Ninguém quer ficar num país sem amigos, né? Então pra não deixar o lado social morrer, as amizades são feitas com outros intercambistas.

Além disso:
O vício no Facebook tira a atenção dos estudos.
Mesmo no exterior, é muito tempo gasto
com a língua portuguesa on-line.
- Para piorar esse quadro, a internet e as redes sociais fazem com que os brasucas gastem HOOOOOOOOOORAS on-line no Twitter, Instagram, Facebook, Whatsapp etc. postando fotos, lendo comentários, escrevendo comentários, enviando mensagens, lendo notícias etc. Ou seja, a pessoa pode estar na Alemanha, mas sua cabeça, mente e coração estão no Brasil o tempo todo.
- O tempo gasto com seus amigos no Brasil faz com que você tenha a impressão de que só eles são legais, enquanto os alemães não são tão legais quanto seus amigos do Brasil (claro, você está na Alemanha, mas gasta todo o seu tempo e energia conservando suas amizades no Brasil via internet).

Como se pode quebrar esse ciclo?
Alemães têm a fama de serem frios. Independente de isso ser clichê ou não, a verdade é que a atenção dada a um estrangeiro aqui é bem menor do que os gringos recebem no nosso país. Mas colocar toda a culpa da falta de amizades apenas nos alemães eu acho meio injusto. Além disso, lembre-se de que você não precisa ter necessariamente amigos alemães. A pessoa pode vir de qualquer país. Basta que ela e você usem o alemão como língua para comunicação. Ela pode vir até da Turquia, do Irã, da Suécia, da Rússia etc. O que importa é que vocês falem alemão.
Onde se conseguem amigos? Ora, nos mesmos lugares onde você encontrou os seus amigos do Brasil. Tente recapitular de onde você conhece seus melhores amigos do Brasil: provavelmente são colegas da escola, colegas da faculdade, colegas do trabalho, vizinhos (ou pessoas da república), amigos da academia (ou do clube de futebol, de natação, do karatê etc.), amigos da igreja etc.
Quer fazer mais amigos alemães? Então saia da internet e comece a interagir mais com as pessoas na vida real. Tente se matricular em cursos (de idioma, de ioga etc.), fazer esportes de equipe, se gosta de cantar, procure um coral, procure uma Verein (sei lá, grupos de vegetarianos, de feministas, de gays, de estudiosos da Bíblia etc.)... Através de um gosto em comum você terá a chance de conhecer pessoas.
Se for estudante, tente morar numa república com alemães (ou alguém com quem você fale alemão). Na faculdade tente se enturmar com seus colegas.
Meus amigos de Bremen eu conheci por acaso. Conheci um numa festa, que me apresentou outro, que me convidou pra um jantar em sua casa onde eu conheci vários outros... As amizades vão nascendo assim. Três deles já foram comigo pro Brasil. Recentemente comecei um curso, depois do curso voltei pra casa no mesmo bonde que um dos meus colegas (ele é da Zâmbia, está aqui há 2 anos e conversou comigo só em alemão). Não precisa ter 100 amigos. Basta você ter pessoas com quem fale alemão. Isso não impede que eu também tenha amigos com quem falo português. A questão aqui é saber balancear isso.

Eu sei que é difícil... você não consegue amigos depois de sair pra tomar cerveja uma vez com alguém (ou talvez sim???). De qualquer forma evite achar que "todo alemão é assim e assado".  Diminua o tempo no Facebook (a não ser que você passe mais tempo lendo páginas em alemão no Facebook para balancear. Essas bobagens que o pessoal costuma postar no Facebook também são postadas em alemão. É só procurar)

5) Faz curso de alemão, mas não estuda nem tem contato com a língua fora dele
Quelle: http://bit.ly/1fYmdEx
Quantos filmes alemães você viu esse mês (mesmo que tenha sido em alemão com legendas)? Quantas canções em alemão você sabe cantar de cor? E quantas delas você sabe cantar trechos? E quantas canções em alemão você ouviu essa semana mesmo sem saber cantá-la? Quantos minutos/horas do dia ontem você passou fazendo exercícios e/ou estudando alemão (fora do curso)? Quantos textos em alemão você escreveu essa semana (fora do curso)? Com quantas pessoas você conversou em alemão esse mês (fora do horário da aula de alemão)?

Bem, se você respondeu a essas perguntas com número próximos do zero, você ainda tem alguma dúvida do porquê não conseguir aprender a língua? Será mesmo que a culpa é só da "gramática difícil"? Ou será que falta um pouquinho de esforço?

Quando for se matricular no curso de alemão, lembre-se: o curso não vai fazer você APRENDER alemão. O tempo que você gasta em contato com a língua FORA DO CURSO é o diferencial. Lembre-se disso! Não espere que o seu curso organize aulas de imersão. Faça você mesma a sua imersão na língua.

Além disso: lembre-se de não tratar o curso de língua como uma matéria da escola, onde você briga por décimos para ser aprovado. O importante é aprender a língua, não a nota. Se você notar que suas notas estão baixas, não adianta ficar passando pro semestre seguinte sem tentar rever seus pontos fracos. Fale no curso em alemão, mesmo quando não for pedido. Escreva textos em alemão e peça para o seu professor corrigir, mesmo quando não for tarefa de casa. Nada de ficar mudo no curso. Fale! Escreva! Use a língua. Curso de língua serve para isso.