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11 de abril de 2013

Pergunta do leitor: "Es" + verbo no plural



Pergunta da Karina:

É isso mesmo... esse "es" aí é simplesmente um Platzhalter (ou seja: um ocupador de lugar).

É que em alemão o verbo deve estar SEMPRE na Posição II. Aí, ao trocar a posição do sujeito, precisa-se de um ES para ocupar o lugar :-) Não concorda com o objeto, mas com o sujeito (que continua sendo o mesmo).

Por exemplo: você pode dizer "Ein Buch liegt auf dem Tisch" (Um livro está na mesa). Mas também você pode dizer "Es liegt ein Buch auf dem Tisch". O "es" aparece apenas pra ocupar o lugar que ficaria desocupado, mantendo assim o verbo na posição II.

Se for no plural dá no mesmo.
Ein paar Bücher liegen auf dem Tisch.
Es liegen ein paar Bücher auf dem Tisch.

Ou seja, teoricamente, dá pra dizer os dois. A frase da sua sogra "Es werden auch keine besseren Zeiten mehr kommen" fica meio estranha se colocada na ordem "normal", a meu ver. Onde você colocaria o "auch"?

E aí que vem a segunda parte: quando os alemães costumam usar essas frases com es "sem necessidade"?

A ideia é a seguinte: em muitas línguas (como em português e alemão) é comum que os tópicos dos enunciados - ou seja, aquilo sobre o qual se fala - apareça já no começo da oração enquanto as informações novas apareçam mais no fim. Ou seja, informação conhecida (definida) costuma aparecer de informação nova (indefinida). [Isto é só uma tendência geral, não uma regra fixa]

Vou dar um exemplo:
Um homem lê um livro. Este livro tem 500 páginas. Em cada página há apenas uma frase.

Perceba que nas frases que se seguiram, a tendência foi pegar uma informação conhecida (ou já mencionada no texto) e depois acrescentar uma nova. Informação novas são precedidas geralmente de artigos indefinidos (um homem, um livro etc.) enquanto palavras definidas (como "este", "o") indicam que o ouvinte já sabe do que se trata (ou seja, eu mencionei um livro - "este livro" já dá a entender que você sabe que é o livro que o homem lê).

Ou seja, não é comum (soa até esquisito) fazer esse tipo de frase quando há elementos definidos na oração, pois estes podem ser (e normalmente são) trazidos para o começo da oração.

Soa muito estranho dizer: "Es liegt das Buch auf dem Tisch". Como se trata de um artigo definido, é sinal de que você já sabe de que livro estou falando. Ou seja, o normal é trazer esta informação já conhecida mais pro começo da frase: "Das Buch liegt auf dem Tisch".

Em caso de informações novas (indefinidas) posso ir deixando pra depois.

Es liegt EIN Buch auf dem Tisch.
Es liegen EIN PAAR Bücher auf dem Tisch.

Não seria errado colocá-los na frente da frase, mas só estou tentando explicar o porquê de alguém intuitivamente escolher colocar depois. :-)

Na frase que a sua sogra fez, o "keine" também é um artigo indefinido.

Sua sogra poderia também ter dito:
"Es kommt eine bessere Zeit" (artigo indefinido)
"Es kommen noch bessere Zeiten" (sem artigo)

Mas dificilmente ela diria "Es kommt das Ende". Como "das Ende" aqui é definido, o normal é que se diga "Das Ende kommt" :-) [Lembre-se de que eu não estou falando de certo e errado, apenas de tendências].

Essas frases com "es" também são muito usadas na Voz Passiva, justamente pelos mesmos motivos. Como o agente da oração é omitido, a ação em si fica muito mais em foco do que o objeto da ação. Na falta de um objeto (verbo intransitivo), aquele campo inicial é ocupado pelo "es".

Es wird hier gearbeitet. = Hier wird gearbeitet. (Se trocar a ordem, o "es" desaparece).

Em português, o verbo "trabalhar" (com este sentido do exemplo acima) nem poderia estar na voz passiva. Em alemão, pode-se colocar um "es" pra ocupar aquele lugar que seria do objeto, ou colocar outros advérbios na posição I.

"Es wurde ein Festplattenfehler gefunden" é uma mensagem de erro em computadores.

Foi encontrado um erro no disco rígido. (Veja que em português também poderíamos colocar "um erro" depois dos verbos, deixando assim a ação em foco. Só que em alemão tem que aparecer um "es" pra manter o verbo na posição II).

Como já mencionei antes, não seria errado dizer "Ein Festplattenfehler wurde gefunden", mas a ordem das palavras é mais influenciada por uma questão de dar foco a uma informação ou por ela ser nova ou conhecida.

Espero que tenha ficado claro.

P.S. Além do "ES", a palavra "DAS" também pode ter o verbo concordando no plural, caso haja termos no plural na oração. Comentei sobre isso também aqui.

Ex.:

Das ist mein Vater - Este é o meu pai.
Das sind meine Schwestern - Estas são as minhas irmãs.

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Divulguem o blog :)

7 de abril de 2013

Acusativo = objeto direto?

JEIN! (mas é mais não do que sim) :-)

Muita gente leu em algum lugar que o acusativo seria o objeto direto em português enquanto o dativo seria o objeto indireto. Eu não diria pra você apagar isso da sua cabeça 100%. Mas eu queria dizer que esta ideia é errônea em partes.

Em primeiro lugar, como já expliquei em várias outras partes do blog, o acusativo é um caso do alemão que tem muitas e muitas funções. (acusativo marcado de vermelho, dativo de azul)

1) O acusativo é usado com determinadas preposições, por exemplo, FÜR, GEGEN e OHNE são preposições sempre usadas com o acusativo.

für MICH
gegen DICH
ohne MICH

Ou seja, este fato, por si só, já acabaria de vez com o mito do objeto direto, já que estes últimos não devem vir com preposições.

2) O acusativo é usado com algumas preposições de lugar ao indicar destino final de um deslocamento. Não importa o verbo que o acompanha. O caso é dado pela preposição, não pelo verbo. (Mais explicações aqui)

in DIE STADT (para a cidade) vs. in DER STADT (na cidade)
an DEN STRAND (para a praia) vs. AM STRAND (na praia)

3) O acusativo é usado para indicar tempo quando as locuções temporais vierem sem preposição.

jedeN Tag (todo dia)
jedeN Monat (todo mês)
dieseN Samstag (este sábado)

Eu já tinha explicado isso aqui.

Bem, a esta altura eu já dei TRÊS exemplos de como usar o acusativo sem ter nada a ver com verbos nem com objetos diretos.

Vamos então agora aos objetos verbais.

Existem objetos preposicionados e não preposicionados. (esqueçam o nome objeto direto e indireto por enquanto). (O acusativo está marcado de vermelho e o dativo de azul)
4) Há alguns verbos que têm objetos preposicionados com o acusativo e outros com o dativo. Quem define o caso é a preposição:

a) se for uma preposição que peça SEMPRE o acusativo, será "preposição + ACUSATIVO"
Ich interessiere mich für die deutsche Sprache.
Eu me interesso pela língua alemã.

Aqui não importa se é um objeto preposicionado. A preposição pede o acusativo, portanto, o caso já foi definido pela preposição.

b) caso seja uma preposição que funcione tanto com o acusativo quanto com o dativo (como no caso de IN, AN, AUF etc.), o caso é meio aleatório. O acusativo é bem mais frequente, mas o jeito é decoreba mesmo.
Ich glaube an die Zukunft.
(Eu acredito no futuro).
(Não tem muita lógica.. neste caso tem que ir pro decoreba: "glauben" + an + acusativo)

Ich habe an der Konferenz teilgenommen.
(A mesma preposição AN, mas usada desta vez com o dativo. Decoreba! "teilnehmen" + an + dativo).

Mais uma vez dá pra perceber que não tem nada a ver com objeto direto e indireto.

c) com os objetos não-preposicionados, aí, sim... agora chegamos àquela velha equação: "objeto direto = acusativo". Eu não desaconselho meus alunos a esquecerem isso, pois pode, sim, poupar bastante trabalho.

Nos casos em que o complemento verbal não exigir preposição, é muuuuito comum que em alemão esteja no acusativo aquilo que chamamos de objeto direto em português.

Vamos a exemplos bem banais:

"Paulo comeu a maçã". Paulo é o sujeito. Ele comeu o quê? A maçã. Objeto direto.

Paulo hat den Apfel gegessen. (BINGO! Objeto direto = acusativo)

Ana conheceu o seu chefe. Ana é o sujeito. Ela conheceu quem? O Seu chefe. Objeto direto.

Ana hat ihren Chef kennen gelernt.  (BINGO! Objeto direto = acusativo)

Klaus deu um presente à sua namorada. Klaus é o sujeito. Ele deu o quê? Um presente. Objeto direto. A quem? À sua namorada. Objeto indireto.

Klaus hat seiner Freundin ein Geschenk gegeben. (BINGO! Objeto direto = acusativo; objeto indireto = dativo).

Ora, em um bom número de verbos ainda vale a pena usar a tal equação. Eu, como professor de alemão, jamais daria listas gigantescas de verbos com acusativo e dativo pros meus alunos memorizarem. Essas listas, apesar de úteis, são desanimadoras. Os alunos têm a sensação de que NUNCA vão terminar de memorizar coisas pra conseguir falar uma frase correta em alemão (se já não bastassem os gêneros, plurais, ordem das palavras, conjugações etc.). Pra que colocar "essen", "trinken", "kennen lernen" ou "geben" nesta lista se dá pra usar com eles a famosa equação?

Eu só me esforçaria pra memorizar aqueles que NAO funcionam igual ao português, ou seja, aqueles que têm "objeto direto (português) = dativo (em alemão)" e os que têm "objeto indireto (em português) = acusativo (em alemão). Para estes, teríamos que voltar ao velho decoreba.

Alguns exemplos clássicos que SEMPRE aparecem em toda aula de alemão:

HELFEN/ajudar (em português, objeto direto, em alemão, dativo)
Ele ajudou a mulher. Er hat der Frau geholfen.

FRAGEN/perguntar [em português, se pergunta algo (objeto direto) a alguém (objeto indireto); em alemão tanto a pergunta quanto à pessoa a quem se pergunta fica no acusativo. Vai no decoreba mesmo!]

Ele me perguntou algo. Er hat mich etwas gefragt. (ambos no acusativo, a pessoa eu marquei de verde)

É extremamente errado pensar que "pessoas ficam no dativo" e "coisas no acusativo".. isso não tem NADA A VER. Vai depender do verbo.

Ich lade dich ein. (Eu te convido) - em português, também objeto direto "convidar alguém".
Ich vergebe dir nicht. (Eu não te perdoo). em português, também objeto indireto "perdoar A alguém"

Existem alguns outros pouquíssimos verbos usados com dois complementos no acusativo (o que em português geralmente dá um verbo com objeto direto e indireto):

KOSTEN/custar - Isso me custou 50 Euros. Das hat mich 50 Euro gekostet. (Como saber isso? DECOREBA!)

LEHREN/ensinar - Ele me ensina alemão. Er lehrt mich Deutsch. (tem que decorar!)

NENNEN/chamar de, nomear - Eles me chamam de Fabinho. Sie nennen mich Fabinho.

Mas estes três que citei são exceções. O normal é que no caso de verbos bitransitivos o objeto direto esteja no acusativo e o objeto indireto (geralmente uma pessoa a quem se faz algo) fica no dativo. O caso clássico dos verbos bitransitivos são DAR, COMPRAR, VENDER, ALUGAR etc. onde alguém DÁ, COMPRA, VENDE, ALUGA etc. algo A alguém. :) Existem muitos verbos que se encaixam nessa lógica :-)


A minha dica para os complementos verbais (os famosos objetos direto e indireto) é:
1) Memorize as exceções. Treine-as várias vezes.
2) Se um dia você esquecer a regência de algum verbo por não constar entre as exceções que você estudou tanto, experimente a equação "objeto direto = acusativo". Quase sempre vai dar certo. Se não der, anote na lista das exceções e treine.
3) Aprenda os casos que cada preposição pede.
4) Memorize os verbos com sua preposição. Se você tiver feito bem o passo 3, já saberá com qual caso usar cada um. Com aquelas preposições que regem dois casos, entra mais um decoreba. Mas se na hora de falar você esquecer vale a seguinte dica valiosa:
- a grande maioria de verbos que pedem AUF são com acusativo (nem consigo me lembrar de algum verbo pedindo AUF + dativo): ich freue mich auf deinen Besuch; Pass auf dich auf!
- verbos pedindo IN são poucos: sich verlieben + IN + acusativo; sich irren + IN + dativo.. lembram-se de mais algum importante? :-)
- já os verbos com AN..hmmmmm.. decoreba :-)
Vamos aos links úteis:

1) Como saber o caso das preposições? Clique aqui.
2) O que é acusativo e o que é dativo? Clique aqui ou aqui ou aqui.
3) Como saber qual caso usar com os verbos? Clique aqui.



... die Weltherrschaft an uns zu reißen...


6 de abril de 2013

Pronomes pessoais: maiúscula ou minúscula?

São três regrinhas simples para os pronomes pessoais:

1) Os pronomes pessoais são geralmente escritos com inicial minúscula, a não ser que apareçam em início de frase:

- Was macht er gerade?
- Er liest ein Buch.

2)  O pronome do tratamento formal “Sie” (o sr. /a sra. etc.) e todos os pronomes referentes a ele “Ihnen, Ihr, Ihre etc.” devem ser escritos SEMPRE com inicial maiúscula.

a) Schön Sie zu sehen, Frau Schmidt. Wie geht es Ihnen?
b) Liebe Gäste, vergessen Sie bitte nicht, die Tür abzuschließen, wenn Sie das Zimmer verlassen.
c) Ist das Ihre Tochter auf dem Foto, Herr Liebmann? Ich muss Ihnen sagen, sie ist ein sehr schönes Mädchen.

(O sie marcado em azul não é o mesmo Sie do tratamento formal; é apenas o sie da terceira pessoa do singular do feminino - ela. Portanto, é escrito com inicial minúscula).

3) Os pronomes do tratamento informal „du“ e „ihr“ (tu, você, vocês) e todos os pronomes referentes a eles „dich, dir, euch, deine, euer etc.“ AINDA PODEM ser escritos com inicial maiúscula para denotar respeito ao destinatário em correspondências, e-mails e outras mensagens. A nova ortografia alemã (de 2006) apenas tirou a obrigatoriedade, deixando também possível o uso de minúsculas.

 Repetindo: A inicial maiúscula em correspondências para „du“ e „ihr“ não é errada, mas não é mais obrigatória. . 

A nova ortografia autoriza tanto o uso de minúsculas quanto
de maiúsculas para os pronomes "du" e "ihr" em correspondências. 
"Lieber Holger,
Wie geht’s?
Was hast du/Du für den Sommer vor? Bleibst du/Du in Deutschland bei deiner/Deiner Familie oder macht ihr/Ihr zusammen irgendwo Urlaub? Komm mal nach Brasilien. Es wäre schön, dich/Dich hier zu sehen."

Por experiência, últimas palavras.
1) Com a nova ortografia, o uso de "Du" e "Ihr" maiúsculo caiu bastante, até porque é algo que é quase inexistente em outras línguas. Entre jovens e em situações informais (como o Facebook) o uso de minúsculas é quase generalizado para os pronomes pessoais, com exceção do "Sie" (formal). Ou seja, não tem problema escrever "du", "dein", "dir" sempre com letra minúscula.

2) Mesmo assim, há ainda muitas gerações de alemães que não foram alfabetizados na nova ortografia, portanto, ainda acham importante manter a maiúscula para denotar esse respeito pelo destinatário da mensagem. Ou seja, eu manteria a maiúscula em e-mails para chefe e/ou colegas de trabalho (caso já se tratem por DU, obviamente) ou para pessoas mais velhas (caso se tratem por DU). Assim evita-se o estresse de aquela sua sogra alemã achar que você nem tem respeito por ela e você ainda causa uma boa impressão. Ou uma ideia ainda melhor: observe uma carta, e-mail, mensagem desta pessoa para você e veja se ela usa os pronomes maiúsculos. Retribua, caso necessário! :-) É só um conselho! :-)

Resposta da pergunta do Facebook: Letra C: ambas as frases estão corretas. 

Para quem quiser conferir a regra número 3 no DUDEN, clique aqui.
Para saber mais sobre quem tratar por DU e quem tratar por SIE, clique aqui.

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